Queda se deve à ideia de que, apesar de operações como a Lava Jato, fatores estruturais da corrupção seguem inabalados.
Entre os 180 Estados e territórios avaliados, o
Brasil ocupa o 96º lugar no ranking de países corruptos - no mesmo relatório
referente a 2016, ele aparecia na posição 79. Apenas dois países apresentaram
queda mais dramática: Libéria, caindo 32 posições, e Bahrein, 33.
Como já diz o nome, o IPC mede como a corrupção é
percebida nos países - sem levar em conta dados quantitativos, como o montante
de dinheiro desviado, e sem medir se, de fato, o problema se agravou ou não na
região.
No topo do índice está a Nova Zelândia, seguida da
Dinamarca. Finlândia, Noruega e Suíça aparecem logo abaixo, empatadas. A
Somália, por sua vez, ocupa a última posição do ranking, atrás de Afeganistão,
Síria e Sudão do Sul.
Entre os países do grupo Brics, formado por Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul, a corrupção brasileira é a segunda pior
classificada, ficando atrás somente da Rússia. Já entre 32 países das Américas,
o Brasil está na posição 18 - o Canadá figura em primeiro, e a Venezuela, em
último.
Brasil em queda
A classificação do Brasil no IPC vem piorando
desde 2014, ano em que o País aparecia em 69º lugar. Segundo a Transparência
Internacional, a trajetória de queda pode ser explicada pelos efeitos da Lava
Jato e de outras grandes operações anticorrupção, que expõem o esforço notável
do País em enfrentar o problema e, consequentemente, traz à luz a corrupção em
toda sua dimensão.
Em
relação ao índice de 2017, a ONG acredita que a piora significativa do Brasil
se deve à percepção de que, apesar dessas operações, os fatores estruturais da
corrupção no País seguem inabalados, uma vez que não foi possível fazer avançar
medidas para atacar de maneira sistêmica o problema.
"É fato que as grandes operações de
investigação e repressão dos últimos anos trouxeram avanços importantes, como a
redução da expectativa de impunidade e o estabelecimento de um novo padrão de
eficiência para essas ações", afirma Bruno Brandão, representante da ONG
no Brasil.
Ele
observa, contudo, que "não houve em 2017 qualquer esboço de resposta sistêmica
ao problema". "Ao contrário, a velha política que se aferra ao poder
sabota qualquer intento neste sentido", aponta.
Para
Brandão, a polarização social pode também inflamar o problema. "Se as
forças que querem estancar a sangria se mostram bastante unidas, a população se
divide na polarização cada vez mais extremada do debate público, o que acaba
anulando a pressão social e agravando ainda mais a situação."
O
IPC usa uma escala de zero (altamente corrupto) a 100 (muito íntegro) para
avaliar os Estados. Entre os 180 Países analisados em 2017, mais de dois terços
tiveram nota inferior a 50 - ou seja, mais de seis bilhões de pessoas vivem em
Países considerados corruptos. A nota do Brasil foi 37. Para elaborar seu relatório anual, a
Transparência Internacional avalia uma série de comportamentos corruptos no
setor público, como suborno, nepotismo e desvio de verbas, além de fatores como
o acesso da sociedade a informações sobre ações do governo. A ONG se baseia em
dados coletados por 12 instituições independentes.
Deutsche Welle
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