Mourão
disse que poderá chegar um momento em que os militares terão que "impor
isso" [ação militar] e que essa "imposição não será fácil".
Segundo ele, seus "companheiros" do Alto Comando do Exército avaliam
que ainda não é o momento para a ação, mas ela poderá ocorrer após
"aproximações sucessivas".
"Até
chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela
ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em
todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso."
O
general afirmou ainda: "Então, se tiver que haver, haverá [ação militar].
Mas hoje nós consideramos que as aproximações sucessivas terão que ser
feitas". Segundo o general, o Exército teria "planejamentos muito bem
feitos" sobre o assunto, mas não os detalhou.
Natural
de Porto Alegre (RS) e no Exército desde 1972, o general é o mesmo que, em
outubro de 2015, foi exonerado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, pelo
comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, e transferido para Brasília, em
tese para um cargo burocrático sem comando sobre tropas armadas, após fazer
críticas ao governo de Dilma Rousseff. Um oficial sob seu comando também fez na
época uma homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, acusado de inúmeros
crimes de tortura e assassinatos na ditadura militar.
A
palestra de sexta-feira (15) foi promovida por uma loja maçônica de Brasília e
acompanhada por integrantes do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, entre
outros. Segundo o vídeo de duas horas e 20 minutos que registra o evento,
postado na internet, Mourão foi apresentado no evento como "irmão",
isto é, membro da maçonaria do Rio Grande do Sul.
Ele
se definiu como "eterno integrante da [comunidade de] inteligência",
tendo sido graduado como oficial de inteligência na ESNI (Escola do Serviço
Nacional de Informações). Criado após o golpe militar de 64 e extinto em 1990,
o SNI era o braço de inteligência do aparato de repressão militar para ajudar a
localizar e prender opositores do governo militar, incluindo sindicalistas,
estudantes e militantes da esquerda armada.
Um
dos organizadores do evento, o "irmão" Manoel Penha, brincou, no
início da palestra, que havia outros militares à paisana na plateia, com
"seu terninho preto, sua camisa social". Ele afirmou em tom de
ironia: "A intervenção que foi pedida, se feita, será feita com muito
amor".
(Folhapress)
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