Jota Parente - O que eu vi e
ouvi de gente defendendo a saída do presidente Temer, foi uma
grandeza. A maioria não sabia porque, mas, queria porque queria que
o Congresso autorizasse a abertura de processo, o que costuma
represente quase sempre o fim de linha.
Michel Temer venceu e venceu bem,
saindo fortalecido dessa disputa, na qual o maior interessado era o
Partido dos Trabalhadores, que não engole o presidente, de jeito
nenhum, porque todo mundo sabe que ele ajudou a derrubar um governo
do qual fazia parte, o qual estava caindo de poder.
Temer não é nenhum santo. É
altamente impopular, só rivalizando com José Sarney nos seus piores
momentos durante seu governo. Mas, numa hora como essa a razão
precisa falar mais alto, pois o país tem que estar acima de
interesses partidários ou pessoais, que mais uma vez ditaram as
regras para uma penca de parlamentares, muitos dos quais vão pedir
arrego depois ao presidente.
Não se troca de presidente como se
troca de roupa. Popular, ou impopular, Temer está conseguindo dar
algum rumo na economia deste país. E tem encarado temas espinhosos
como as reformas, coisa de que Sarney, Fernando Henrique Cardoso,
Lula e Dilma fugiam como o Diabo foge da cruz. Não citei Color,
porque sua passagem foi bem mais curta.
Como cidadão, caminhando para 67
anos bem vividos, tendo crescido em períodos de turbulência
política nos anos de Jânio Quadros e João Goulart, e logo depois,
por longos 21 anos, na ditadura militar, senti alívio quando tive
certeza, muitos dias antes da votação, que não haveria mudança.
Alívio porque sei que país nenhum suporta ficar trocando de
presidente seguidamente, no caso, de ano em ano. Além do que, o
Brasil voltaria a ser achincalhado lá fora, e aqui dentre poderia
sobrar instabilidade política e econômica. Então, que Temer fique
até o final do mandato, e que faça o que precisa ser feito.
Quanto a nós, eleitores, vamos
criar vergonha na cara para ver se ano que vem escolhemos melhor em
quem votar, para evitar que alguns meses depois da posse não
comecemos, de novo, campanhas do fora fulano, fora sicrano, fora
beltrano.
Nós, brasileiros, que
provavelmente somos campeões mundiais em ficar transferindo para os
outros as nossas responsabilidades, parece que ainda vamos demorar um
bocado para votar direito.
Os mais velhos como eu, lembram que
ficamos todos muito zangados quando o rei do futebol, Pelé, lá
pelos idos dos anos 1970, disse que brasileiro não sabe votar.
É verdade que o momento em que ele
falou isso não foi dos melhores, pois, respondendo a uma pergunta
relativa à ditadura, para se sair pela tangente, sapecou essa frase
que lhe rendeu muitas críticas merecidas. Finalizo externando uma
dúvida cruel: ou, por linhas tortas, Pelé estava certo, ou a
sociedade brasileira, faz muito tempo, está completamente
corrompida, e tanto faz votar em José como em Cazuza, que vai dar no
mesmo; só serão trocadas as figuras, mas, os vícios continuarão
os mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário