sábado, julho 22, 2017

Socorro Oliveiria: de titular da SEMSA a diretoria do presídio, um desafio e tanto

Blog do Jota Parente - De Secretária Municipal de Bem-Estar Social para a diretora da casa penal de Itaituba. Uma mudança e tanto na vida de Socorro Oliveira, mulher ativa que não tem medo de cara feia.
            A reportagem do blog e do Jornal do Comércio foi ao seu local de trabalho para conversar com ela a respeito desse desafio que resolveu encarar há cinco meses.
            Socorro, como é que anda o problema de lotação do presídio de Itaituba?
                Socorro Oliveira - A capacidade do presídio é para 196 presos, mas no momento, nós estamos com 333. Hoje, esse número muda dia a dia, porque nós recebemos presos de Jacareacanga, Novo Progresso, Trairão, Aveiro e Rurópolis, daí a superlotação.
            Blog do JP - Existe alguma previsão em nível de governo do Estado que contemple a possibilidade de resolver esse problema?
            Socorro Oliveira - O que eu sei é que já há uma negociação do governo do Estado com o atual prefeito de Itaituba para aquisição de um terreno para construção do novo presídio, mas, não sei em que estágio isso está.
            Blog do JP - A população reclama porque o presídio está situado no meio da cidade, temendo por fugas e rebeliões. Você convive com esse descontentamento?
            Socorro Oliveira - Sim, convivo e entendo. A população, por conta de tudo que tem acontecido em outros lugares do Brasil, tem razão de manifestar esse temor. O fato do presídio situar-se bem no meio da cidade, no bairro da Liberdade, é um problema a mais.
Blog do JP - Há quantos meses você está no cargo de diretora do Centro de Recuperação?
Socorro Oliveira - Nós assumimos em fevereiro. Estamos aqui, tentando dar o melhor de nós, esforçando-nos para fazer um bom trabalho com esses detentos, e esperamos o melhor, Parente.
Blog do JP - Um dos problemas que sempre preocupa, com referência a presídios, diz respeito à superlotação carcerária. Isso acontece, praticamente, em todos os presídios do Brasil. A possibilidade de motins e fugas costuma ser presente e real. Desde que você assumiu, já conviveu com essa dificuldade, com esse problema, e além disso, que tipo de ações você tem implementado?
Socorro Oliveira – Dizer não temos esse tipo de preocupação não seria correto, pois, pela natureza do trabalho, essa é uma realidade com a qual a gente tem que conviver, porém, depois que eu assumi, a gente tem tomado as precauções devidas. Agora mesmo está sendo feita uma reforma no bloco B, que é o bloco do regime fechado. O presídio está em reforma e a gente tenta sempre reforçar a segurança para evitar uma situação desagradável.
Blog do JP – Como está o trabalho da defensoria pública junto aos presos que dependem dessa assistência judiciária gratuita?
Socorro Oliveira – O dr. Samuel Oliveira Ribeiro é um defensor presente, que ele faz atendimento, inclusive, dentro do presídio. As famílias vão procurá-lo. Ele sempre dá prioridade para os detentos aqui do Centro de Recuperação de Itaituba e ele está de parabéns pelo maravilhoso trabalho que vem desenvolvendo, principalmente aqui dentro da cadeia pública. Ele tira uma tarde inteira, vem, atende preso por preso, É como eu falei, ele dá atenção, está sempre presente de alguma forma.
Blog do JP - O juízo da vara Penal de Itaituba tem sido também bastante atuante, concedendo liberdade para quem já cumpriram pena e desafogando um pouco sistema prisional?
Socorro Oliveira – Incorruptível, um homem maravilhoso o Dr. Sidney Falcão está de parabéns. Está sempre olhando para o Centro de Recuperação com olhar especial, tentando resolver as situações aqui da casa penal.
Blog do JP – Com relação àqueles presos que se auto denominam membros de facções, qual tem sido o tratamento da Justiça?
Socorro Oliveira – Não existe essa linha de investigação sobre essa questão de facção. Aqui, todos são tratados como presos normais, uns iguais aos outros. Na época da Drª Tayná, quando um preso batia no peito afirmando que era de facção tal, ela já providenciava transferência para o Belém. O doutor Sidney também tem essa preocupação de transferir o preso, se for preciso, para não causar maiores danos.
Blog do JP - Como vai a Educação na cadeia pública?
Socorro Oliveira – Aqui nós temos 25 alunos do EJA que concluíram o Ensino Médio; tem, também, os que já fazem o Enem, há aqueles tem aula de artesanato, que produzem e ajudam sua família lá fora. Fazem redes belíssimas, artesanatos, casas, maquetes; tem a turma que trabalha na limpeza, outros trabalham na cozinha e existem cursos profissionalizantes.
Blog do JP – Aqui é bem diferente da SEMSA...

Socorro Oliveira - É um trabalho diferenciado. Eu venho de uma Secretaria de Assistência Social, aonde eu trabalhava com mulheres, crianças, adolescentes e idosos, e hoje eu mexo com o outro lado do ser humano, aqueles que estão no presídio. Confesso que está valendo a pena, pois primo meu trabalho pelo respeito, mas, eu volto a dizer que trabalhar, tem hora que está calmo e tem hora que parece que vai explodir a qualquer momento, mas, se Deus quiser vai continuar dando certo, sempre lembrando que estamos dentro de um presídio.

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