Segundo uma das coordenadoras da manifestação,
Maria Leusa Kabaiwun Munduruku, o grupo reúne mais de 200 manifestantes que
prometem não deixar o local até que o governo e o consórcio responsável pela
obra atendam suas reivindicações.
Entre as demandas indígenas está a devolução de
urnas funerárias que os mundurukus afirmam ter enterrado em um local onde a
hidrelétrica está sendo construída. Os índios reclamam que as urnas com os
ossos de seus antepassados foram roubadas de solo considerado sagrado.
Além
da devolução, os índios também exigem que as empresas se encarreguem de
depositar as urnas em um novo local, indicado pelos próprios mundurukus, em
território indígena onde não-índios não tenham acesso, e na presença de pajés.
O grupo também cobra a demarcação e homologação
da Terra Indígena Sawré Muyubu. Os estudos de identificação e delimitação da
área de 178 mil hectares (cada hectare corresponde a, aproximadamente, as
medidas de um campo de futebol oficial) foram aprovados e publicados pela Funai
(Fundação Nacional do Índio) em abri do ano passado, nove anos após o início do
processo de demarcação.
Está
localizada nos municípios de Itaituba e Trairão, no Pará.
Além de outras reivindicações, os mundurukus exigem que a
aprovação de qualquer obra em território indígena ou em área que cause impacto
aos povos indígenas sejam submetidos à consulta e aprovação prévia das
comunidades tradicionais, conforme estabelece a Convenção 169, da OIT
(Organização Internacional do Trabalho), da qual o Brasil é signatário.
E, como reparação pelo impacto causado pelas obras, pede que
seja criado um fundo ao qual as empresas destinem recursos para a construção de
uma universidade indígena na região; para a proteção dos locais sagrados e para
a preservação da cultura munduruku.
Segundo
o Fórum Teles Pires, entidade que reúne organizações sociais, acadêmicos e
moradores de áreas impactadas por grandes obras de infraestrutura, a maioria
das reivindicações indígenas já são do conhecimento do Ministério Público
Federal, bem como de outras autoridades, como a Funai.
Em
um dossiê divulgado no mês passado, a entidade aponta o que classifica como conflitos
resultantes do desrespeito aos direitos humanos e suas consequências para as
condições de vida dos povos indígenas.
A Agência Brasil entrou em contato com a
Empresa de Energia São Manoel (formada pela EDP Brasil, Furnas Centrais
Elétricas e China Three Gorges Corporation) e com a construtora Constran,
responsáveis pelas obras, mas ainda não obteve retorno. A Funai também ainda
não se manifestou sobre a ocupação.
(Agência Brasil e FolhaPress)
Nenhum comentário:
Postar um comentário