(G1) -Rússia advertiu nesta segunda-feira (19) que os
aviões da coalizão liderada - pelos
Estados Unidos que voarem a oeste do Rio Eufrates serão "considerados
alvos" na Síria e suspendeu seu canal de comunicação com Washington após a
derrubada de um caça sírio pela aviação americana.
A Rússia está envolvida militarmente junto ao
regime sírio de Bashar Al-Assad, enquanto os Estados Unidos apoiam e armam uma
aliança árabe-curda e os rebeldes sírios.
Um canal de comunicação entre os dois países foi
estabelecido em outubro de 2015 para prevenir colisões entre as diferentes
forças que operam no espaço aéreo sírio.
Um caça americano derrubou no domingo um avião do
exército sírio, que, segundo Washington, bombardeava as forças apoiadas pelos
Estados Unidos e que lutam contra o grupo Estado Islâmico (EI) no norte da
Síria.
O Ministério da Defesa russo acusou os Estados
Unidos de não utilizar o canal de comunicação com Moscou antes de derrubar o
avião sírio perto de Raqqa.
'Ignorando direito internacional'
"Devemos considerar este ataque como uma
continuação da política americana que procura ignorar as regras do direito
internacional", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Vice
Serguei Riabkov, citado pela agência oficial de notícias TASS.
"Se não é um ato de agressão, o que é
então?", questionou. "Se querem saber, é uma ajuda aos terroristas
contra os quais os Estados Unidos afirmam conduzir uma política
antiterrorista", disse Ryabkov.
"Os aviões e drones da coalizão internacional
localizados ao oeste do Eufrates serão seguidos pelos instrumentos aéreos e
terrestres de defesa antiaérea russa e considerados como alvos", anunciou
o ministério da Defesa em um comunicado.
A Rússia dispõe de sistemas de defesa antiaéreos
S-300 e S-400, mobilizados principalmente em sua base de Hmeimim, na Síria, e
de dezenas de caças e bombardeiros que operam desde o fim de setembro de 2016
em apoio ao exército de Bashar al-Assad.
Os meios russos de defesa antiaérea em terra
apontarão, sem necessariamente disparar, contra os aviões que voam ao oeste da
linha imaginária entre Raqa e Deir Ezor. E os caças russos poderiam ser
mobilizados para interceptar aviões e drones da coalizão liderada pelos Estados
Unidos.
Logo após a derrubada do avião do regime irromperam
pela primeira vez combates entre tropas leais a Bashar al-Assad e as FDS, a
aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos na província de Raqa, segundo
o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Espaço aéreo saturado
Neste contexto, o Irã, aliado do regime de Damasco,
disparou no domingo mísseis de médio alcance contra alvos do EI no leste da
Síria.
Segundo Teerã, tratou-se de uma represália após o
duplo atentado que matou 17 pessoas na capital iraniana no início do mês e que
foi reivindicado pelo EI.
Prova da complexidade da guerra na Síria está no espaço
aéreo do país, saturado de aviões do regime, da Rússia, da coalizão
internacional e, por vezes, até da vizinha Turquia.
O risco de escalada acontece num momento em que as
tropas sírias se aproximam perigosamente das zonas controladas pelas forças
apoiadas pelos Estados Unidos, especialmente as FDS.
Ao reagir à derrubada de seu avião, a Síria
declarou que a coalizão abateu o caça quando este realizava "uma missão
contra o EI" e falou de uma "flagrante agressão".
Segundo Sam Heller, especialsta em Síria da The
Century Foundation, estes incidentes devem ser considerados como fatos isolados
e não uma escalada.
"Nenhuma das partes quer provocar
deliberadamente uma escalada", apontou.
Na província de Raqqa, o regime não participa na
ofensiva contra a capital, mas tenta alcançar a região através da província
petrolífera de Deir Ezzor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário