O Globo - Após mais de dois anos, a economia brasileira
voltou a ficar no azul. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE,
o Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta de 1% no primeiro trimestre, na
comparação com os últimos três meses do ano passado, influenciado
principalmente pelo bom desempenho da agropecuária. É o primeiro resultado
positivo nesse tipo de comparação desde o quarto trimestre de 2014, quando
houve alta discreta de 0,2%. Na comparação com primeiro trimestre de 2016, o
PIB caiu 0,4%. No acumulado em doze meses, a queda é de 2,3%.
Analistas consultados pela Bloomberg previam alta de 1%, na comparação com o quarto
trimestre. As expectativas, no entanto, variavam de taxas de 0,5% a 1,5%. Em
valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de março de 2017 totalizou R$
1,6 trilhão.
O grande impulso para o desempenho da economia no
primeiro trimestre foi a agropecuária, com safra recorde de soja, que cresceu a
dois dígitos: 13,4%.
O resultado positivo já tinha sido percebido em
indicadores divulgados antes do número oficial. Há duas semanas, o IBC-Br, o
chamado “PIB do Banco Central”, estimou crescimento da atividade econômica de 1,12%.
Na ocasião, especialistas foram cautelosos ao avaliar se o dado mostrava que a
economia brasileira havia alcançado o ponto de inflexão, ou seja, começaria a
crescer de forma mais sólida daqui para frente.
O dado divulgado hoje, um retrato dos meses de janeiro
a março, não contempla acontecimentos recentes, como a turbulência política que
fez o país mergulhar em uma crise de incerteza. Há duas semanas, a delação da
JBS envolvendo denúncias contra o presidente Michel Temer colocou um ponto de
interrogação sobre o destino das reformas econômicas que têm sido apontadas
pelo mercado como âncoras da melhora dos índices de confiança recentemente.
Na noite de quarta-feira, essa incerteza foi destacada pelo Comitê de Política
Monetária (Copom) como uma das justificativas para o movimento
cauteloso de cortar os juros em apenas 1 ponto percentual, para 10,25% ao ano.
Antes do estouro do escândalo, a expectativa de analistas era que a Selic seria
reduzida em 1,25% ponto percentual. A trajetória da taxa de juros está
relacionada à expectativa de crescimento, pois determina o custo do
financiamento que pode ajudar ou atrapalhar a retomada dos investimentos e do
consumo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário