João de Deus Quaresma de Sá, ou
apenas Quaresma, nasceu no Piauí, na cidade de Esperantina, no dia 23 de junho
de 1962. Filho de agricultores, trabalhou na roça com os pais até os 17 anos.
Só estudou até a primeira série, pois desde garoto começou a trabalhar com seu
pai plantando e colhendo. Quando seu pai morreu, largou tudo e foi cuidar da
vida sozinho, até que Itaituba entrou em sua vida. Ele contou sua história à
coluna Perfil do Empresário.
JC – O começo foi na
roça. Você saiu de lá de Esperantina porque considerava aquele trabalho muito
pesado?
Quaresma – Exatamente por isso.
Eu queria encontrar algo melhor, mais leve para fazer, porque na roça era muito
pesado, e as condições no Piauí eram muito ruins, sem certeza de que ia haver
inverno. Saí de lá para o Maranhã e de lá para Itaituba.
JC - Quanto tempo você
ficou no Maranhão, o que fez lá e como se deu a vinda para Itaituba?
Quaresma – Eu fique em
Imperatriz, onde era lotador de carros. Eu lotava caminhonetes dos outros com
pessoas que queriam ir para Serra Pelada. Isso foi nos anos de 1989 a 1992. Aí
apareceu uma oportunidade de comprar um carro totalmente fiado, para eu vir
para Itaituba. No Maranhão, a gente trabalhava o mês todo, sem conseguir juntar
o dinheiro de pagar uma parcela. Um amigo meu me disse que se eu viesse para
cá, eu conseguiria pagar o meu próprio carro.
Na primeira viagem que eu fiz foi
para o km 1027, com o que apurei, juntei mais do que o valor da primeira
parcela do carro. Pelo começo eu vi que aqui eu teria futuro. Já se passou uns
bons dias de lá até agora, e hoje eu já sou até Cidadão Itaitubense.
JC – Você teve loja de
confecções com um movimento grande, sem abandonar de vez o transporte. Foi boa
essa incursão nesse ramo?
Quaresma – Foi bom, sim. Ganhei
dinheiro, mas, acontece, que quando a gente mexe com dois ramos, corre o risco
de ganhar num e perder noutro. Por um tempo eu fiquei muito focado nas lojas.
Comecei a tirar dinheiro para empregar no setor de transporte, o que fez com
que houvesse queda no setor de confecções. Então, eu resolvi optar somente pela
paixão maior, que é o transporte. Está nas minhas veias.
JC – Tempos bons para
ganhar dinheiro, mas, complicados para trabalhar, quando você chegou aqui...
Quaresma – Não era fácil, não.
A gente gastava de quatro a cinco dias para ir até o Alvorada, ou 1027. Não
havia quase nada na BR 163, era só atoleiro. Hoje o pessoal reclama de
atoleiro. Precisavam ver era naquela época. Aquilo, sim, era atoleiro para
ninguém botar defeito. Nos momentos mais complicados, a gente só passava quando
o Wirland Freire ia com a frota dele.
Havia o problema da violência, mas
eu sempre me resguardei. Evitava frequentar bares ou lugares onde era mais
comum acontecer confusão. De noite eu ficava em casa; nunca fui homem de andar
bebendo. Algumas vezes eu estava num lugar e de repente começava um tiroteio.
Só restava correr e se esconder até passar o perigo.
JC – Como é, tocar uma
empresa de transporte em uma região como esta?
Quaresma – Olha, é preciso
saber trabalhar com ônibus. Tem viagem que sai sem nenhum passageiro. Ficaram
para trás aqueles tempos em que andava tudo lotado. O comércio mudou muito.
Aumentou demais a concorrência. Temos uma estrada que a gente pode dizer que é
boa, em comparação com o passado, mas, não tem passageiro. No inverno é ainda
mais complicado. No inverno deste ano, a frota tem ficado boa parte do tempo
parada, porque tem chovido demais e complica a situação das estradas. A gente
ganha no verão, para comer no inverno. Ainda bem que o verão é mais comprido.
JC – Diante desse
momento de crise, a Quaresma Turismo vai cuidar da frota que tem, ou há projeto
para novos investimentos?
Quaresma – Nesse ramo de ônibus
a gente não pode parar. É preciso comprar novos carros. Agora mesmo nós
compramos dois novos ônibus que deverão entrar na linha no verão, renovando a
frota que faz os trechos de Itaituba para Santarém, Novo Progresso e Teresina.
Não pode ficar parado.
JC – Itaituba é o seu
lugar?
Quaresma – Eu me considero daqui. Eu gosto de Itaituba.
Já tenho até um lugarzinho comprado do km 6. Não tenho a menor intenção de sair
daqui. Itaituba ainda vai melhorar muito. Tem muita coisa boa para acontecer
dentro de poucos anos. Na edição 229 do Jornal do Comércio
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