Era um domingo, por volta das 18h, em 31 de janeiro
de 1995, quando o comerciante Pedro Elizer Vasconcelos, então aos 28
anos, dirigindo com velocidade sua caminhonete D-20, vindo pela Av. Dr.
Freitas, dobrou na rua Três de Outubro, na Sacramenta, em Belém, e atropelou
Andrea dos Santos Neves, atingindo-a na face.
A moça estava com seu namorado e atual
marido, Carlos Evandro Martins, e familiares: o pai Agostinho Paulo
Martins, a prima Rosângela Martins da Conceição, e o amigo Alberto de Almeida
Júnior.
Aparentando embriaguez, Pedro saiu do carro de arma
em punho, disparando seu revólver Taurus calibre 38. O primeiro tiro abateu o
pai de Evandro, que tombou na calçada onde a família estava reunida. Rosângela
tentou tomar a arma mas foi baleada no peito. O terceiro disparo atingiu de
raspão Alberto Polares Jr. e o quarto projétil perfurou o muro da garagem de
uma empresa de ônibus urbano.
Agostinho chegou a ser socorrido, mas morreu no dia
seguinte, aos 48 anos. Rosângela, que tinha 25 anos de idade, passou mais de um
mês hospitalizada. Anteontem à tardinha, depois de 22 anos e muitas
reviravoltas no caso, a tragédia teve um desfecho: o 2º Tribunal do Júri
de Belém, sob a presidência do juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, condenou Pedro
Vasconcelos, agora aos 50 anos.
Por maioria dos votos, os jurados acataram a tese
acusatória sustentada pelo promotor de justiça Samir Dahás Jorge. A pena
aplicada de 21 anos pelo homicídio qualificado foi somada a 14 anos por
tentativa de homicídio, totalizando 35 anos de prisão, que serão cumpridos em
regime inicial fechado.
Todas as vítimas sobreviventes e testemunhas
prestaram depoimento no julgamento. Eles conheciam de vista o réu por ele ser
dono de um mercadinho perto do local do crime, onde moram.
Os advogados de defesa, Luiz Victor de Araújo e
Luiz Carlos Mangas Júnior, inicialmente, alegaram legítima defesa. Depois, que
ele se excedera de forma culposa na legítima defesa, teses rejeitadas pelos
jurados.
No interrogatório do júri, Pedro afirmou que a
vítima do atropelamento estava no meio-fio e acabou sendo atingida pelo
retrovisor de seu carro; que populares começaram a bater e a danificar o
veículo; que Carlos Evandro se armou com um pedaço de pau, atingindo seu
joelho; e que, por isso, pegou a arma para se defender e fez disparos para o
alto, sem intenção de lesionar alguém.
Logo no início da fase de instrução, o processo
desapareceu da Secretaria da Vara do Júri, e foi preciso o juiz determinar sua
restauração, o que só foi possível após requisitar ao Ministério Público, à
Polícia Civil, ao IML, ao Pronto Socorro Municipal e ao Hospital Dom Luiz cópias
de todos os documentos produzidos na ocasião.
Fonte: blog Uruatapera
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