sábado, fevereiro 25, 2017

A difícil vida do prefeito de Itaituba nesse começo de gestão

Jota Parente -
Editor Responsável pelo JC
      Valmir quer fazer omeletes, mas, faltam os ovos. Quer trabalhar, mas, se não conseguir desbloquear o Fundo de Participação dos Municípios ao qual não teve acesso a nenhum centavo, desde que assumiu o cargo de prefeito em 1º de janeiro, vai ter sua gestão completamente engessada. Sem dinheiro não é possível fazer nada. A quarta parcela foi retida no último dia 10.
            A folha dos servidores municipais relativa ao mês de janeiro foi paga. Mas, a prefeitura não tem dinheiro para recolher as contribuições devidas ao INSS, o que só agrava a situação, porque são cerca de R$ 2 milhões a mais que se somam ao que a ex-prefeita Eliene Nunes deixou, descontado o que já foi retido nas quatro parcelas do FPM que o Tesouro Nacional se apossou.
            A folha foi paga, mas, houve reclamações, que por enquanto não ecoaram muito alto, mas, que se continuarem sem as devidas justificativas, poderão se transformar em um calo para a administração. As reclamações que chegaram a mim por meio de alguns servidores que me procuraram, dizem respeito a descontos nos seus salários, que tiveram cortes dos quais não foram informados previamente. Mas, foram limitados a quem tinha direito à readequação.
            Quando esteve a primeira vez na prefeitura, o prefeito Valmir Climaco, no geral, terminou assimilando bem a convivência com os sindicatos que representam os servidores, o que se espera que agora, mais maduro e claramente agindo de maneira muito mais transparente, ele consiga manter e até melhorar. Para que isso aconteça, precisa tratar disso de forma direta, evitando deixar que as explicações sejam dadas apenas por assessores.
            A disposição com que o atual governo começou, criou um ânimo na população, que estava muito desanimada, tanto por causa da crise da economia, que atinge a todos no País, quanto pelo desgoverno que foi a marca da ex-prefeita, sobretudo após as eleições. Mas, até quanto Valmir vai conseguir manter o pique desse começo, se não tiver acesso a recursos? Até quando o cidadão vai ter paciência com o prefeito, caso diminua o ritmo inicial demonstrado nessas primeiras semanas de gestão?
            O grande esforço para limpar a cidade teve uma repercussão muito boa, tanto internamente, nos munícipes, quanto nas pessoas de fora. Semana passada eu conversei com três pessoas que chegaram de fora. Foram três conversas diferentes, e todos os visitantes elogiaram o aspecto da cidade à qual eles vem com frequência, porque tem algum tipo de negócio por aqui. Disseram que Itaituba está com uma cara boa, mais limpa. Isso é bom.
            Eliene deixou a cidade com diversas ruas asfaltadas, o que é reconhecido por qualquer pessoa de bom senso. Todavia, como concentrou sua atenção apenas na pavimentação de algumas vias, pois as pesquisas informavam e continuam informando que o povo de Itaituba adora ver sua rua asfaltada, ela se esqueceu de fazer, mesmo que fosse a famosa “guaribada” em outras vias, muitas delas importantes para melhorar o fluxo do tráfego.
            Valmir começou a mil, tapando buracos das principais vias. Todo mundo bateu palmas, porque havia ruas, até no centro da cidade, onde já estava complicado passar de carro. Mas, o povo quer asfalto, que custa caro, tanto a matéria prima, quando a preparação da infraestrutura para fazer a pavimentação.
            Enquanto o asfalto não vem, a nova gestão tem o desafio de melhorar muitas ruas importantes, como a 4ª Rua do Jardim das Araras, que depois da FAI, faz muito tempo que está em péssimas condições. Poucos metros acima, a 5ª Rua tem tanto buraco de tudo quanto é tamanho, que é impossível alguém dirigir carro acima de 30 ou 40 km por hora. E essas são apenas algumas das ruas que pedem socorro.
            A lua de mel da nova administração com a população tem prazo de validade, e não é longo. Por enquanto está chovendo muito, e todos entendem que é muito difícil fazer trabalhos mais aprimorados no sistema viário da cidade. Entretanto, quando acabar o inverno, é certo que começarão as cobranças. E para continuar contando com a boa vontade da população, Valmir precisa resolver essa questão do FPM, e é fundamental que continue informando os contribuintes da verdadeira situação em que se encontra o erário público municipal.
            Se isso não for feito desse jeito, ele vai continuar esquentando a cabeça, cada vez mais. Sem contar as centenas de empregos que lhe pedem todos os dias, tanto os vereadores, quanto pessoas que o apoiaram na campanha, e muitas e muitas outras. Está difícil a vida do prefeito.

            Artigo publicado na edição 227, do Jornal do Comércio, que circulou semana passada.

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