segunda-feira, janeiro 23, 2017

Familiares das vítimas descrevem execuções

Familiares das vítimas descrevem execuções (Foto: Celso Rodrigues)
 Luciano Henrique Pantoja de Oliveira, de 22 anos, morreu na tarde da última sexta-feira (20), em uma onda de assassinatos ocorridos na Grande Belém desde a morte do policial militar Rafael da Silva Costa, 29, ocorrida na manhã do mesmo dia, em um tiroteio no bairro da Cabanagem, em Belém. 
O corpo de Luciano estava a poucos metros da própria casa, na ocupação Parque Francisquinho, que fica no bairro da Jaderlândia, em Ananindeua. Ele deixa a esposa e uma filha de um ano de idade. “Saí correndo e vi meu filho jogado no chão, com o corpo se esvaindo em sangue”, lembra a mãe que prefere ter a identidade preservada. A mulher conta que estava no trabalho, quando soube do baleamento do filho e, em seguida, que ele não tinha resistido aos ferimentos.
A mãe de Luciano trabalha como empregada doméstica, em Ananindeua, e está inconformada com a morte do filho. “Ele nunca me deu trabalho. Não tinha envolvimento com o crime, nem com drogas. Agora quero justiça”, pede.
Segundo a mãe, Luciano trabalhava como ajudante de pedreiro e vendedor de tapioca no centro de Belém. Na semana passada, conseguiu um emprego fixo. “Me contou tão feliz porque ele era louco pela filha dele e já estava planejando festejar o aniversário de dois anos da menina”, lembra. “Agora o que vou dizer quando me perguntar onde está o pai dela?”, lamenta.
REVOLTA
Muito abalada, a irmã de Luciano está em estado de choque, conta a mãe. “Foi uma crueldade sem tamanho. Não tem como se conformar em perder um filho, ou um irmão”. Segundo os familiares, a vítima gostava de jogar bola, videogame e passeava com a filha todas as manhãs. “Estudou até o 1º ano do Ensino Médio e teve de deixar de estudar para trabalhar e sustentar a família”, disse um dos dois irmãos, que também não quis se identificar.
A família registrou um boletim de ocorrência e espera pela atuação da Justiça. “A morte do meu filho não pode ficar em vão. A justiça é lenta e muitas vezes não resolve os casos, mas nós vamos buscar pelos nossos direitos”, reitera um dos irmãos.

EM CASA
 De acordo com relatos dos familiares, Luciano estava em casa deitado com a esposa e a filha. Ao ouvir o barulho de disparos na rua, ele teria saído de casa para ver o que estava ocorrendo lá fora. A mulher ainda o chamou para que ele não saísse, sem êxito.
“Foram tantos tiros que nem sei o total”

Para conseguir a liberação do corpo do irmão do Instituto Médico Legal (IML), o estudante Raimundo Silva, de 23 anos, registrou um Boletim de Ocorrência na Seccional Urbana da Marambaia, em Belém.
 Carlos Augusto da Silva, 19 anos, foi morto na tarde do último sábado, no canal Água Cristal, na Marambaia, na sequência de assassinatos desde a morte do PM Rafael da Silva Costa. Raimundo disse que viu quando dois homens, de moto e capacete, se aproximaram de seu irmão e o mataram. “Disseram para eu me afastar e começaram a disparar contra ele. Foram tantos tiros que nem sei o total de disparos.”
(Wal Sarges/Diário do Pará)

Nenhum comentário:

Postar um comentário