domingo, dezembro 04, 2016

Uma lição de um país vizinho e amigo, que tem um povo muito hospitaleiro

Eu e Jadir com uma agente de trânsito, em Medellin
Tenho acompanhado com atenção os acontecimentos relacionados com a tragédia que vitimou 71 pessoas, entre as quais quase toda a delegação do time de futebol da Chapecoense.

Meu amigo Jadir Fank, companheiro de viagem de moto por toda a América do Sul, catarinense e torcedor apaixonada da Chapecoense, como todos os demais, tem sofrido muito.

Chapecó fez parte do nosso trajeto, cidade na qual pernoitamos quando estávamos retornando para casa.

Cidade bonita, bem cuida, bem administrada, povo educado, com qualidade de vida muito boa, foi sacudida por esse acontecimento trágico que chocou o mundo todo.

Nesse turbilhão todo dos acontecimentos, chamou minha atenção a eficiência do estado colombiano, de um modo geral, no trato com os momentos posteriores à tragédia.

Mais do que isso, emocionou a todos nós o espírito de solidariedade daquele povo, e o sentimento de humanidade dos esportistas e desportistas, que em dados momentos, foram bem mais sensíveis do que alguns dirigentes esportivos brasileiros.

Neste momento, ainda de grande dor, peço licença para falar um pouco sobre o conhecimento que eu o Jadir desenvolvemos sobre a Colômbia e sobre seu povo, fruto da nossa convivência por quase uma semana naquele país, que cruzamos de ponta a ponta, incluindo a região desse trágico acidente aéreo.

Na cidade de La Ceja, que fica distante 41 km ao sul de Medellin, nós não estivemos porque ficava fora de nossa rota. Mas, o relevo por ali é todo parecido, em plena Cordilheira dos Andes, a mais de 2.000 metros acima do nível do mar.

Com seus pouco mais de 45 mil habitantes, portanto, aproximadamente metade da população da cidade de Itaituba, aquela cidade mostrou-se muito melhor equipada do que nossa cidade, com condições de atendimento de saúde bem mais avançadas.

Nós, brasileiros, conhecemos muito pouco dos nossos vizinhos da América do Sul.

Por estarem na fronteira, sabe-se alguma coisa, não muito, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e da Bolívia. Mas, a América do Sul é bem mais do que isso.

Os colombianos, por exemplo, são um povo amável, país cuja economia está em melhores condições do que a nossa. Nada que se possa dizer: poxa, que maravilha, mas, eles vão terminar o ano com um crescimento em torno  de 1.2% do PIB, enquanto nós estamos igual rabo de cavalo, crescendo para baixo.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas por causa de uma guerra civil de cinco décadas, principalmente contra as FARC, o estado colombiano tem conseguido manter o país nos trilhos, sobretudo depois que decidiu recrudescer o combate aos guerrilheiros.

Por lá também existe corrupção, mas, os índices são menores do que os nossos e o combate feito por quem de direito é implacável.

Fomos sempre muito bem tratados na Colômbia.

Quando estávamos saindo da Venezuela e entrando na Colômbia, cerca de 5 km após adentramos ao território colombiano paramos na primeira barreira policial.

Muito educado, um tenente que nos abordou para pedir nossos documentos, pediu desculpas por estarmos sendo parados, mal tínhamos entrado em seu país.

Nós agradecemos por sua preocupação com nossa segurança. Ele nos tranquilizou dizendo-nos que a partir dali estaríamos viajando por uma das estradas mais seguras do mundo.

E era verdade, pois, por causa das FARC, até tanques de guera a gente viu camuflados a alguns metros da estrada. Havia barreiras do exército ao longo da Panamericana, o que de fato nos deixou tranquilos.

Em uma das barreiras nas quais paramos para mostrar os documentos pessoais e das motos, no momento em que um soldado do exército pediu, esse com cara de poucos amigos, que a gente desamarrasse toda nossa bagagem, um sargento que estava sentado a uns 30 metros de distância, levantou-se e foi lá querendo saber o que estava acontecendo.

Quando ele passou por trás de minha moto, viu a bandeira do Brasil cravada na placa.

Eres de Brasil, perguntou ele.

Após respondermos que sim, ele disse que não precisava revistar nada, e que podíamos seguir viagem.

Em Medellin, ao entramos na cidade, pedi algumas informações a um agente de trânsito, usando meu portunhol, informando que era brasileiro.

Ele me respondeu pedindo os documentos, e comentando que como "los hermanos" de outros países sabem que os colombianos gostam muito dos brasileiros, tentam enganar quando tem algum problema na documentação.

Comecei a falar em Português, explicando o motivo de nossa viagem, informando que estávamos registrando tudo para publicar posteriormente.

Então, o agente mudou de atitude, chamando os colegas que estavam conversando com o Jadir, para tirarmos fotos juntos.

Saí da Colômbia apaixonado pelo povo colombiano. 

Já disse e repito, que se algum dia na vida tivesse que escolher algum país da América do Sul para viver, fora do Brasil, esse país seria a Colômbia.

Obrigado, irmãos colombianos, por essa lição a mais que nos deram em um momento tão difícil para todos. Um dia voltaremos a nos ver, porque tenho saudade desse país maravilhoso. 

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