(Editorial, edição 220) - Os candidatos venderam seu peixe. Foram aos
quatro cantos do município levar suas mensagens até os mais distantes
lugarejos, na tentativa de convencer o desconfiado eleitor, que anda muito
ressabiado com os políticos, depois que muita gente engravatada foi parar atrás
das grades.
Nós, latinos, somos exageradamente
passionais, na política e no futebol. Escolhemos em quem votar, com o coração,
em vez de fazer isso com a razão. E isso costuma não ser muito bom, pois não
são poucas as vezes que a paixão por qualquer coisa, ou por alguém, nos cega.
Deixamos de lado as propostas, prestamos mais atenção nos ataques pessoais, e
muitas vezes, seis meses depois nos lamuriamos pelos cantos dizendo que fomos
enganados.
A legislação eleitoral vigente
permite que jornais e revistas impressos tenham algumas regalias que o Rádio e
a Televisão não tem. Não são privilégios, e muita gente não entende o porquê. É
simples de entender. O Rádio e a TV são concessões ou permissões públicas
federais, enquanto jornais e revistas impressos são empresas comuns,
constituídas de forma muito parecida como um comércio de variedades, como uma
loja de produtos de beleza e assim por diante.
Eu, como diretor e editor
responsável pelo Jornal do Comércio, posso até dar minha opinião favorável a
alguma candidatura, seja ela majoritária, ou proporcional. O que eu e qualquer
pessoa na minha posição precisa ter é bom senso para não extrapolar o limite da
responsabilidade. Mas, embora tenha essa liberdade, eu a minha esposa Marilene,
sócia e diretora do JC, achamos por bem manter a neutralidade. Não por
covardia, pois radialista e jornalista covarde não se cria.
A Resolução do TSE nº 23.457/2015,
que trata dessa matéria constante da Lei 9.504/97 diz que não será tomada como
propaganda eleitoral a divulgação de opinião favorável a candidato, partido ou
coligação pela imprensa escrita, desde que não seja matéria paga. Porém, serão
apurados e punidos os abusos e os excessos, assim como as demais formas de uso
indevido do meio de comunicação.
Creio que optando pela neutralidade,
contribuímos mais com o processo democrático. De modo especial em um município
no qual as paixões por candidatos são ainda mais fortes do que em centros
maiores, mais populosos.
O que o eleitor deve levar muito em
consideração na hora de escolher quem vai ser o gerente da sua cidade, é se a
pessoa tem reais condições de administrar, sobretudo na situação atual, que é
de crise, com cinto para lá de apertado e com tendência de piorar, pois ainda
não foi vista a luz no final do túnel. O quadro que os especialistas pintam,
mostra um cenário de dificuldades para todos os brasileiros, e o mais provável
é que nenhum gestor público tenha vida mansa.
Em 1998, no jornal Opinião, que eu
publiquei pelo breve período de alguns meses, escrevi um artigo no qual eu
afirmei que a maioria dos prefeitos, em vez de simplesmente tomar posse e
cuidar dos interesses públicos, apossam-se do cargo como se fosse um bem que
tivessem adquirido. Infelizmente, de lá para cá, 18 anos depois, as leis
mudaram, fechou-se mais o cerco contra a roubalheira, mas, o problema de muitos
gestores se apossarem do cargo continua, sem data para acabar.
Quando esta edição do Jornal do
Comércio começar a circular, faltarão apenas 72 horas para a alegria de uns e o
choro de outros. Se formos competentes em nossas escolhas, tanto para o Poder
Executivo, quanto para o Poder Legislativo, independente dos nomes, poderemos
ter quatro anos de boa administração. Se errarmos, nós, os cidadãos de Itaituba
é que iremos chorar. Portanto, antes de apertar a tecla verde da urna
eletrônica, perguntemo-nos: será que estou fazendo a coisa certa? O voto de
cada um de nós tem consequência. Não se esqueça disso.
Jota Parente é jornalista, editor responsável do Jornal do Comércio
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