Em pleno Século 21, é inconcebível
que ainda tenhamos que conviver com o problema do estupro em grande parte do
mundo; inclusive no mundo ocidental, onde em alguns países isso parece ter
voltado aos tempos medievais, onde a vida das pessoas valia nada.
No Brasil tem sido recorrentes as
notícias de estupros coletivos, como o ocorrido recentemente na cidade do Rio
de Janeiro, onde um numeroso grupo de delinquentes apropriou-se de uma jovem
indefesa, contra a qual praticaram todo tipo de barbaridade sexual, chegando ao
ponto de filmar as cenas criminosas, expondo o crime pelas redes sociais, o que
fez com que o fato hediondo ganhasse as manchetes nacionais e até
internacionais.
Lembram daquele caso do Piauí? Oito
malfeitores pegaram quatro jovens, as quais foram levadas para um local ermo a
fim de estuprá-las. Não satisfeitos, eles jogaram as moças de um local alto.
Uma delas não resistiu à violência do impacto da queda, vindo a óbito.
Os vagabundos, felizmente, estão
presos e alguns enfrentam processos de julgamento. Mas, por maior que seja a
pena que a justiça aplique, a vida da jovem brutalmente assassinada por aqueles
monstros jamais será reparada. A marca da violência vai acompanhar as
sobreviventes e suas famílias por todos os dias de suas vidas.
Em nome de Alá o Estado Islâmico
justifica o estupro de milhares de mulheres, muitas delas ainda crianças as
quais nem preparadas estão pela natureza para iniciarem sua vida sexual.
Observem aonde pode chegar a estupidez do ser humano.
No Brasil a gente tem uma legislação
rigorosa contra essa prática, mas, nem isso tem sido capaz de evitar esse tipo
de crime covarde, levado a efeito por quem, quase sempre é mais forte do que a
vítima, mesmo quando se trata apenas de um homem contra uma mulher. Se é que
esse tipo de gente asquerosa merece ser chamado de homem, somente porque veste
calcas.
Nem mesmo a Lei Maria da Penha fez
cair a um patamar civilizado o crime de estupro no nosso País, metido a liberal
quando o assunto é sexo, porque continua predominando a máxima de que a mulher
não deve provocar o macho com roupas sensuais, pois se não se vestir conforme
determinam os ditames da cultura dos que tentam justificar o que não tem
justificativa, elas estarão provocando o sexo oposto, e o resto da história a
gente já sabe.
Como é que vamos exigir que os
gringos nos respeitem como se fôssemos um país que quer ser respeitado, se nos
comportamos como colônia, conquanto parte deles vem para cá com o único
objetivo de praticar turismo sexual, com a tolerância de muitos brasileiros?
Isso não se deve apenas ao fator pobreza de boa parte das mulheres exploradas;
deve-se em boa medida, à falta de uma boa educação sexual. Daí para chegar ao
estupro é um pulo.
O pior é que mesmo sem intenção, nós
mulheres, muitas vezes contribuímos para alimentar essa cultura horrorosa,
quando afirmamos: meu filho é macho, é
pegador; deu sopa, ele traça mesmo. Tem aquele velho ditado que os pais
gostavam de citar para justificar a ação dos “machos”: quem tiver suas cabritas que guarde, porque os meus bodes estão soltos.
Isso alimentava e continua alimentando o imaginário masculino, que faz com que
os garotos virem rapazes achando que podem fazer tudo que quiserem com as
mulheres, inclusive, estuprar.
Minhas caras leitoras, sobretudo as
que tem filhos homens, cuidem para que eles possam ter uma boa educação sexual
a fim de que cresçam como seres humanos normais, que vejam no sexo algo
saudável, que deve ser prazeroso para as duas pessoas que se atraiam para
viverem momentos inesquecíveis, em vez de transformar algo tão agradável que a
natureza nos concedeu, em um tormento que pode estragar a vida de alguém, e na
esmagadora maioria das vezes esse alguém é a mulher. Ou seja, trabalhemos para
que nossos filhos sejam pessoais normais quanto ao sexo. Mais do que isso: que
eles sejam firmes em suas posições contra a prática do estupro.
Marilene Parente é bacharel em
Direito
Na edição 217 do
Jornal do Comércio, circulando desde hoje à tarde
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