Empresária Adriana Lopes Foto: Jota Parente |
Desde o dia 25 de abril deste ano,
está funcionando em Itaituba, a subsede do Sindicato dos Trabalhadores do
Comércio do Estado do Pará, cuja chegada ao município tem gerado um clima de
animosidade entre esse sindicato e a maioria dos lojistas, assim como entre um
número grande de trabalhadores do comércio e patrões.
O blog do Jota Parente e o Jornal do
Comércio conversaram com a senhora Adriana Lopes, (Papel & Cia e Século
Papelaria), presidente da Comissão Provisória que trabalha na organização e
criação do Sindicato dos Empregadores do Comércio, mais conhecido como SINDILOJAS,
com o objetivo de criar um equilíbrio de forças, pois a inexistência desse
sindicato tem sido sentido pelos empreendedores, muitos dos quais ficam
perdidos sem saber a quem recorrer. Adriana explica em que estágio se encontra
esse trabalho.
Blog do JP – Adriana,
a relação entre empregadores e empregados ficou complicada após a chegada do
Sindicato dos Comerciários em Itaituba?
Adriana - Então, quando o
sindicato se instalou aqui, nós acreditávamos que haveria uma parceria. A
primeira atitude do sindicato foi entregar notificações a 50 empresas, às quais
foi dado o prazo de 30 dias para pagar o que deviam em vale transporte aos
empregados, no prazo de 30 dias. O não pagamento no prazo acarretaria em
multas, além de outras despesas, e poderia chegar ao Ministério do Trabalho.
Tivemos uma primeira reunião entre
CDL e Associação Empresarial, à qual o Sindicato dos Comerciários esteve
presente, acompanhado de seu advogado. Tentamos chegar a um acordo, mas, eles
se recusaram dizendo que não haveria acordo e que seria aquilo mesmo que teria que
ser cumprido. Inclusive, eu lembro que a senhora Regina Bezerra, representante
do sindicato afirmou que aquilo era um direito indisponível. Citou como exemplo
o caso de alguém que compra um carro e atrasa o pagamento das parcelas. O fato
de ter atrasado não significa que não vai ter que pagar. Então, não houve
acordo. A partir dali a relação ficou conturbada porque o sindicato agiu dessa
maneira.
É bom que se diga que eles não tem o
poder de notificar as empresas, porque o sindicato não é uma delegacia. Imagine
o pânico que eles causaram a muitos empresários, alguns dos quais foram lá no
sindicato, sendo persuadidos para levar todo o grupo do sindicato para dentro
de algumas lojas, o que perturbou a relação entre patrão e empregados. A
relação de trabalho foi tumultuada, pois muitos trabalhadores se acham no
direito de afrontar seus patrões.
Nós buscamos um acordo que seja
justo, porque o município de Itaituba não é igual a Belém, que é uma capital, e
que é de onde esse pessoal vem. Para se ter uma ideia do tratamento diferente
que estão tentando dar a Itaituba, em Santarém não se paga ticket alimentação,
porque lá tem o Sindilojas. Nós aqui não temos.
Se continuar essa perturbação nas
relações de trabalho, vai haver demissões em massa, porque as empresas não
tinham esses valores para pagamento aos servidores, e nós estamos nesse
impasse. Temos a Federação do Comércio que está conosco, a qual nos mandou uma
nota de esclarecimento que estamos repassando para os colaboradores.
Estamos quitando as pendências relativas a 2015 e 2016. O problema reside no que tange ao ano de 2014, cuja convenção foi feita, mas, não foi homologada pelo Ministério do Trabalho. Como é que eles querem cobrar algo tendo como base uma convenção que está suspensa?
Estamos quitando as pendências relativas a 2015 e 2016. O problema reside no que tange ao ano de 2014, cuja convenção foi feita, mas, não foi homologada pelo Ministério do Trabalho. Como é que eles querem cobrar algo tendo como base uma convenção que está suspensa?
Blog do JP – Existe uma
liminar que suspendeu essa convenção de 2014?
Adriana – Sim, uma liminar
concedida por uma desembargadora do TJE, suspendendo essa liminar, que o
sindicato insiste em entregar para os colabores que vão lá. Por que a
representação do sindicato, aqui, não aguarda a finalização de uma negociação
que existe em Belém? Mas, essa é a estratégia deles, de colocar todo mundo em pânico.
Se isso for levado à Justiça, a gente pode até perder em primeira instância,
mas, na segunda instância vamos ganhar por causa da liminar que existe.
Aí eles perguntam se estão cumprindo o que se
refere a 2015 e 2016. Muitos empregadores estão cumprindo dentro do prazo,
enquanto que para outros tem sido mais difícil, porque uma coisa é pagar sobre
cinco ou seis empregados; outra coisa é quando se tratam de dez, vinte, trinta
ou mais empregados. Ainda mais numa crise como essa que estamos passando.
Blog do JP - Já houve
demissões em virtude dessa situação que você descreveu?
Adriana – Sim. Aqui na minha
empresa já houve três demissões, e em outras empresas também. A relação fica
difícil, porque alguns colaboradores acham que estão sendo lesados, pois são
essas as palavras que eles, lá no sindicato usam. Aí, o trabalhador chega
querendo mandar. A relação entre as duas partes se deteriora até o ponto em que
a convivência fica muito complicada.
Blog do JP – O sindicato
continua pressionando para fazer reuniões dentro dos estabelecimentos
comerciais?
Adriana – Bem, aconteceu um caso com um empresário, que não aceitou e mandou
que o pessoal do sindicato saísse de sua loja, Mas, houve um caso de outro que
me procurou, dizendo que o sindicato queria reunir dentro de sua loja. Eu o
informei de que ele não precisaria autorizar, porque não era legal. Se
Quisessem reunir, que fizessem reunião na hora de almoço, ou na hora do encerramento
do expediente. Aqui na minha loja ainda não vieram, e se vierem eu não
autorizarei reunião no meu estabelecimento. O empresário já tem mil e uma
coisas para resolver, e ainda tem que conviver com isso.
Blog do JP – Em que
estágio está a organização e a criação do Sindilojas?
Adriana – Neste momento nós
temos 55 empresas que já aderiram à criação e nós estamos na parte de
formulação de documentos. Queremos reunir todos os documentos de todas as
empresas que aceitaram esse desafio. Queremos estar com tudo certinho, para
quando enviarmos, estar tudo certo. A maior dificuldade, nós sabemos, é que
existem inúmeros processos na frente, e se a gente não fizer tudo correto, a
espera será longa, e nós corremos contra o tempo. Vamos tentar conseguir em um
ano, ou menos, pois há casos de espera de quatro ou cinco anos, o que é um
tempo muito longo. Não é fácil. Se depender do nosso empenho, vamos tentar
estar com nosso sindicato funcionando já na próxima convenção.
Blog do JP – O problema
é mais de ordem burocrática, ou o custo é muito alto?
Adriana – Existe um custo,
mas, o problema maior é mais na questão burocrática. Mas, se tivermos alguém
acompanhando, e vamos ter, em tempo recorde esperamos estar com o Sindilojas
ativo para participar já da próxima convenção. E é importante que se diga, que
não estamos trabalhando para criar um sindicato com a finalidade de prejudicar
os colaboradores, mas, para que haja um equilíbrio na relação entre as duas
partes.
Blog do JP – Enquanto
isso, vai continuar esse clima de beligerância entre as duas partes, pois não
tem havido disposição para o diálogo, da outra parte?
Adriana - Até então não caiu
a ficha deles, de que nós estamos partindo para a criação do nosso sindicato.
Eles acham que nós estamos blefando. Eu acho que quando nós nos posicionarmos,
eles vão querer conversar e deve acontecer o que está ocorrendo em Parauapebas,
onde os empresários se juntaram com a CDL, a Associação Comercial e o Sindilojas
e foram à luta.
Na verdade, o sindicato passa para os
trabalhadores que nós somos mentirosos, que estamos ficando com o dinheiro
deles, servidores. Há colaboradores que comentam: fulano, de tal empresa, já
recebeu; enquanto isso, o patrão está construindo casas com o nosso dinheiro?
São coisas absurdas que se ouvem, coisas que deixam a gente até sem saber como
dar uma resposta. Nós vamos dar uma entrevista coletiva para falar sobre a nota
que a Fecomércio passou pra gente.
Ressalto que nossa intenção é
promover o equilíbrio, pois as empresas não funcionam sem os colaboradores, mas,
não existem empregos sem as empresas. E se as relações continuarem sendo
perturbadas, vai acabar acontecendo demissão em massa. As empresas vão ter que
ir renovando o quadro, e renovando, e renovando, até quando? Isso não é bom
para ninguém. Como disse, no nossa empresa já demitimos três colaboradores por
causa dessa situação criada, e não admitimos ninguém para suas vagas.
Obs. Esta matéria, devidamente atualizada, estará nas páginas da próxima edição do Jornal do Comércio.
Obs. Esta matéria, devidamente atualizada, estará nas páginas da próxima edição do Jornal do Comércio.
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