sexta-feira, julho 08, 2016

Presidente da Comissão Provisória fala sobre criação do Sindilojas e da relacão dificil com o Sindicato dos Trabalhos no Comércio, de Itaituba

Empresária Adriana Lopes
Foto: Jota Parente
            Desde o dia 25 de abril deste ano, está funcionando em Itaituba, a subsede do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio do Estado do Pará, cuja chegada ao município tem gerado um clima de animosidade entre esse sindicato e a maioria dos lojistas, assim como entre um número grande de trabalhadores do comércio e patrões.
            O blog do Jota Parente e o Jornal do Comércio conversaram com a senhora Adriana Lopes, (Papel & Cia e Século Papelaria), presidente da Comissão Provisória que trabalha na organização e criação do Sindicato dos Empregadores do Comércio, mais conhecido como SINDILOJAS, com o objetivo de criar um equilíbrio de forças, pois a inexistência desse sindicato tem sido sentido pelos empreendedores, muitos dos quais ficam perdidos sem saber a quem recorrer. Adriana explica em que estágio se encontra esse trabalho.
Blog do JP – Adriana, a relação entre empregadores e empregados ficou complicada após a chegada do Sindicato dos Comerciários em Itaituba?

Adriana - Então, quando o sindicato se instalou aqui, nós acreditávamos que haveria uma parceria. A primeira atitude do sindicato foi entregar notificações a 50 empresas, às quais foi dado o prazo de 30 dias para pagar o que deviam em vale transporte aos empregados, no prazo de 30 dias. O não pagamento no prazo acarretaria em multas, além de outras despesas, e poderia chegar ao Ministério do Trabalho.
            Tivemos uma primeira reunião entre CDL e Associação Empresarial, à qual o Sindicato dos Comerciários esteve presente, acompanhado de seu advogado. Tentamos chegar a um acordo, mas, eles se recusaram dizendo que não haveria acordo e que seria aquilo mesmo que teria que ser cumprido. Inclusive, eu lembro que a senhora Regina Bezerra, representante do sindicato afirmou que aquilo era um direito indisponível. Citou como exemplo o caso de alguém que compra um carro e atrasa o pagamento das parcelas. O fato de ter atrasado não significa que não vai ter que pagar. Então, não houve acordo. A partir dali a relação ficou conturbada porque o sindicato agiu dessa maneira.
            É bom que se diga que eles não tem o poder de notificar as empresas, porque o sindicato não é uma delegacia. Imagine o pânico que eles causaram a muitos empresários, alguns dos quais foram lá no sindicato, sendo persuadidos para levar todo o grupo do sindicato para dentro de algumas lojas, o que perturbou a relação entre patrão e empregados. A relação de trabalho foi tumultuada, pois muitos trabalhadores se acham no direito de afrontar seus patrões.
            Nós buscamos um acordo que seja justo, porque o município de Itaituba não é igual a Belém, que é uma capital, e que é de onde esse pessoal vem. Para se ter uma ideia do tratamento diferente que estão tentando dar a Itaituba, em Santarém não se paga ticket alimentação, porque lá tem o Sindilojas. Nós aqui não temos.
            Se continuar essa perturbação nas relações de trabalho, vai haver demissões em massa, porque as empresas não tinham esses valores para pagamento aos servidores, e nós estamos nesse impasse. Temos a Federação do Comércio que está conosco, a qual nos mandou uma nota de esclarecimento que estamos repassando para os colaboradores.
Estamos quitando as pendências relativas a 2015 e 2016. O problema reside no que tange ao ano de 2014, cuja convenção foi feita, mas, não foi homologada pelo Ministério do Trabalho. Como é que eles querem cobrar algo tendo como base uma convenção que está suspensa?

Blog do JP – Existe uma liminar que suspendeu essa convenção de 2014?

Adriana – Sim, uma liminar concedida por uma desembargadora do TJE, suspendendo essa liminar, que o sindicato insiste em entregar para os colabores que vão lá. Por que a representação do sindicato, aqui, não aguarda a finalização de uma negociação que existe em Belém? Mas, essa é a estratégia deles, de colocar todo mundo em pânico. Se isso for levado à Justiça, a gente pode até perder em primeira instância, mas, na segunda instância vamos ganhar por causa da liminar que existe.
Aí eles perguntam se estão cumprindo o que se refere a 2015 e 2016. Muitos empregadores estão cumprindo dentro do prazo, enquanto que para outros tem sido mais difícil, porque uma coisa é pagar sobre cinco ou seis empregados; outra coisa é quando se tratam de dez, vinte, trinta ou mais empregados. Ainda mais numa crise como essa que estamos passando.

Blog do JP - Já houve demissões em virtude dessa situação que você descreveu?

Adriana – Sim. Aqui na minha empresa já houve três demissões, e em outras empresas também. A relação fica difícil, porque alguns colaboradores acham que estão sendo lesados, pois são essas as palavras que eles, lá no sindicato usam. Aí, o trabalhador chega querendo mandar. A relação entre as duas partes se deteriora até o ponto em que a convivência fica muito complicada.

Blog do JP – O sindicato continua pressionando para fazer reuniões dentro dos estabelecimentos comerciais?

Adriana Bem, aconteceu um caso com um empresário, que não aceitou e mandou que o pessoal do sindicato saísse de sua loja, Mas, houve um caso de outro que me procurou, dizendo que o sindicato queria reunir dentro de sua loja. Eu o informei de que ele não precisaria autorizar, porque não era legal. Se Quisessem reunir, que fizessem reunião na hora de almoço, ou na hora do encerramento do expediente. Aqui na minha loja ainda não vieram, e se vierem eu não autorizarei reunião no meu estabelecimento. O empresário já tem mil e uma coisas para resolver, e ainda tem que conviver com isso.

Blog do JP – Em que estágio está a organização e a criação do Sindilojas?

Adriana – Neste momento nós temos 55 empresas que já aderiram à criação e nós estamos na parte de formulação de documentos. Queremos reunir todos os documentos de todas as empresas que aceitaram esse desafio. Queremos estar com tudo certinho, para quando enviarmos, estar tudo certo. A maior dificuldade, nós sabemos, é que existem inúmeros processos na frente, e se a gente não fizer tudo correto, a espera será longa, e nós corremos contra o tempo. Vamos tentar conseguir em um ano, ou menos, pois há casos de espera de quatro ou cinco anos, o que é um tempo muito longo. Não é fácil. Se depender do nosso empenho, vamos tentar estar com nosso sindicato funcionando já na próxima convenção.

Blog do JP – O problema é mais de ordem burocrática, ou o custo é muito alto?

Adriana – Existe um custo, mas, o problema maior é mais na questão burocrática. Mas, se tivermos alguém acompanhando, e vamos ter, em tempo recorde esperamos estar com o Sindilojas ativo para participar já da próxima convenção. E é importante que se diga, que não estamos trabalhando para criar um sindicato com a finalidade de prejudicar os colaboradores, mas, para que haja um equilíbrio na relação entre as duas partes.

Blog do JP – Enquanto isso, vai continuar esse clima de beligerância entre as duas partes, pois não tem havido disposição para o diálogo, da outra parte?

Adriana - Até então não caiu a ficha deles, de que nós estamos partindo para a criação do nosso sindicato. Eles acham que nós estamos blefando. Eu acho que quando nós nos posicionarmos, eles vão querer conversar e deve acontecer o que está ocorrendo em Parauapebas, onde os empresários se juntaram com a CDL, a Associação Comercial e o Sindilojas e foram à luta.
Na verdade, o sindicato passa para os trabalhadores que nós somos mentirosos, que estamos ficando com o dinheiro deles, servidores. Há colaboradores que comentam: fulano, de tal empresa, já recebeu; enquanto isso, o patrão está construindo casas com o nosso dinheiro? São coisas absurdas que se ouvem, coisas que deixam a gente até sem saber como dar uma resposta. Nós vamos dar uma entrevista coletiva para falar sobre a nota que a Fecomércio passou pra gente.

            Ressalto que nossa intenção é promover o equilíbrio, pois as empresas não funcionam sem os colaboradores, mas, não existem empregos sem as empresas. E se as relações continuarem sendo perturbadas, vai acabar acontecendo demissão em massa. As empresas vão ter que ir renovando o quadro, e renovando, e renovando, até quando? Isso não é bom para ninguém. Como disse, no nossa empresa já demitimos três colaboradores por causa dessa situação criada, e não admitimos ninguém para suas vagas. 

Obs. Esta matéria, devidamente atualizada, estará nas páginas da próxima edição do Jornal do Comércio.

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