Jota Parente* |
A coisa mais cômoda para o ser
humano é apontar o dedo para o outro para mostrar que foi ele quem fez tal
coisa errada. Então, para nós, os mais velhos, nada mais tranquilo do que
afirmar que a atual geração de jovens é acomodada, que não quer nada com nada,
que só quer saber de Face book e de WhatsApp, que não quer estudar, que só quer
saber de sexo, etc..., etc..., etc...blá, blá, blá...
Tem muita gente que já jogou a
toalha, porque não acredita mais que o Brasil ainda possa ter jeito. Há quem
considere que ninguém vai conseguir arrumar essa bagunça em que transformaram o
nosso País, que virou motivo de pilhérias, tanto interna, quanto externamente.
Nunca na história deste País, (apossando-me da frase preferido do ex-presidente
Lula), o Brasil foi tão achincalhado, aqui e lá fora, e de novo, parafraseando
o ex-presidente, nunca na história deste País a nação brasileira viveu com sua
autoestima em tão baixo nível. Brinca-se até, dizendo que o brasileiro, hoje em
dia, não tem autoestima, mas, baixa-estima.
Mas, voltemos aos jovens, motivo
desta reflexão em forma de crônica. Por que eles não se mexem? Será que eles
enxergam uma luz no final do túnel? Será que eles vão nos permitir ver a tal
luz?
Ninguém pode afirmar com segurança
que eles vão conseguir, mas, só essa juventude tão negligenciada pelos seguidos
governos da República, talvez venha a ser, de fato, o que nos resta de
esperança, desde que ela se ligue no que tem ocorrido em algumas partes do
Brasil. E aqui cito dois casos que ganharam repercussão nacional, e até fora do
País. Refiro-me ao movimento dos estudantes de São Paulo e do Rio de Janeiro,
que estão forçando os senhores encastelados em suas fortalezas governamentais a
saírem de suas tocas para prestar atenção no que essa juventude está fazendo.
Que coisa linda foi a vitória dos
estudantes paulistas que acamparam na Assembleia Legislativa do Estado, com o
objetivo de forçar os “nobres” deputados estaduais a assinarem um pedido de CPI
para apurar denúncias de irregularidades na compra da merenda escolar do estado
mais rico da federação. E não pensem que isso foi conseguido com um simples
estalar de dedos, pois houve reação, e muita reação do governo do senhor
Geraldo Alckmin, que para minha decepção, fez de tudo para evitar a CPI, porque
tem gente graúda de seu governo denunciada no esquema.
Pois, por obra e graça daqueles
garotos e garotas foi obtido um número muito maior do que o mínimo necessário
para abrir a CPI, e até o PSDB de Alckmin se viu obrigado a rever sua posição.
E quando disse antes, que para minha decepção, o governo paulista teve que
rever sua posição é porque nutria certa simpatia pelo governador, que embora
não tenha sido acusado de nada que lhe envolva pessoalmente em algum mal feito
do governo, ele contrariou a transparência que sempre apregoou sobre seu
governo, agindo como qualquer outro governante de estado ou da federação tem
feito.
O exemplo da outra turma vem do
estado do Rio de Janeiro, aonde estudantes vem ocupando escolas há meses, como
já tinham feito estudantes de São Paulo, que forçaram o governo a reconsiderar
algumas decisões que afetavam a vida da estudantada. Os alunos cariocas já
chegaram a estar ocupando vinte e seis escolas, empurrando o governo contra a
parede e escancarando as mazelas que existem nos prédios e na qualidade do
ensino, que não é uma exclusividade da população fluminense.
É nessa garotada, que mesmo cometendo
alguns excessos inerentes à carga hormonal de sua idade, eu coloco as minhas
esperanças, pois ela está insatisfeita com esse estado de coisas que denigrem o
País. Ela quer mudanças já, e é preciso que as mudanças aconteçam agora, e que
não parem até que se chegue ao ponto desejado, pois chega desse status quo que
vilipendia a honra deste povo maravilhoso. Portanto, há sim, uma luz no fim do
túnel, e essa luz atende pelo nome de uma mudança no comportamento dos jovens,
que precisam espalhar seu grito por todo o Brasil, para que se processe uma
verdadeira revolução cuja arma seja a vontade de construir um país diferente do
que temos hoje. Avante, juventude!*Artigo publicado na edição 215 do Jornal do Comércio
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