O
anúncio de cortes de recursos para a área de cultura no Amazonas surpreendeu as
associações dos bois Garantido e Caprichoso, do Festival de Parintins. A
medida, divulgada na última sexta-feira (20) pelo governador José Melo, vai
atingir principalmente o festival, marcado para os dias 24, 25 e 26 de junho.
O governo amazonense diz que a redução de
gastos é necessária para enfrentar a crise econômica. “O quadro aqui vai se
agravar e não fazer nada significa quebrar o estado a partir de outubro”,
argumentou Melo.
Em nota, o presidente da Associação Folclórica
Boi-Bumbá Garantido, Adelson Albuquerque, disse a diretoria da entidade foi
pega de surpresa, mas que só vai tomar alguma providência após a reunião
marcada para a próxima terça-feira (24) entre os dirigentes dos bois e o
governo amazonense. Segundo Albuquerque, caso o corte se confirme, representará
uma “tragédia econômica” para o município de Parintins.
“Temos patrocinadores máster de porte
internacional, empresas de turismo que já venderam pacotes, hotéis em Manaus e
Parintins que fecharam reservas, empresas que estavam interessadas em fechar
parceria com o festival e que certamente, depois desse anuncio, por temeridade,
não entrarão no evento. O Festival de Parintins movimenta uma cadeia econômica
que se reverte em impostos para o estado, todos ganham com o evento, não quero
acreditar que o governo do estado cometerá esse erro histórico”, lamentou o
representante do Boi Garantido.
Também em nota, a Associação Boi Bumbá
Caprichoso também se disse surpreendida com o anúncio dos cortes e espera
mudanças até a reunião desta semana. Para a entidade, o governo amazonense, que
promove o evento há 27 anos, “não pode mudar tão radicalmente de ideia, de uma
hora para a outra”.
“Cada bumbá recebeu do governo do Amazonas,
em 2015, apenas R$ 2,04 milhões para a apresentação na arena. Isso e nada mais.
Entraram mais R$ 2,4 milhões destinados à iluminação, som e operacionalização
do Bumbódromo [local da apresentação], totalizando R$ 8,88 milhões nos dois
[bois]. Fala-se agora em R$ 18 milhões gastos no Festival Folclórico. O estado
certamente explicará de onde vêm as demais despesas”, afirmou a entidade.
Para o Boi Caprichoso, a culpa da crise na
saúde, educação e segurança no estado não pode ser atribuída aos repasses do
governo para a festa de Parintins.
Crise
O governo do Amazonas estima que a redução de
gastos na cultura vai gerar uma economia de R$ 35 milhões de reais, que poderão
ser destinados à saúde. Os cortes também vão atingir as áreas de esporte e
turismo.
Segundo o secretário estadual de Cultura,
Robério Braga, o corte vai atingir cerca de 30 eventos e não afetará as
atividades e empregos da secretaria na capital e no interior. “As atividades
que dependem de patrocínio, apoio cultural de infraestrutura e logística nesse
momento é que deixarão de tê-los”, ressaltou Braga.
A expectativa do governo amazonense é
economizar cerca de R$ 500 milhões até o fim de 2016 com a redução no custeio
da máquina pública e de contratos e com o reordenamento de serviços de saúde.
Fonte: Agência Brasil
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