“O País perdeu a inteligência e a consciência
moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja
escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média
abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria.
Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias
aumenta a cada dia. A agiotagem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo
como um nevoeiro. O número das escolas é dramático. A intriga política
alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. Não é uma existência; é
uma expiação. Diz-se por toda parte: O País está perdido!” (...) Por isso, aqui
começamos a apontar o que podemos chamar de “o princípio da decadência”.
Esse texto, que faz parte do artigo de
Arnaldo Jabor, de hoje, foi escrito em 1871, por Eça de Queiroz. Era a
introdução de As Farpas, que lançou com Ramalho Ortigão, em Coimbra.
Eça tinha pouco mais de 20 anos quando
começou a esculachar em panfletos a mediocridade portuguesa no Século 19, que
nos legou essa herança lamentável aqui em casa. Nada mais parecido conosco.
Tudo que explode hoje, já despontava há mais de 100 anos, aqui e em Portugal,
do qual somos uma xerox administrativa, diz Jabor.
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