domingo, abril 17, 2016

Empresas só se justificaram sobre preço de gás e água

Audiência pública não conseguiu comover empresários


A audiência da Câmara Municipal para tratar dos altos preços da botija de gás vendido em Itaituba durou mais de 5 horas. A reunião aconteceu quinta-feira, 14, e foi presidida pelo vereador Peninha, autor do requerimento, tendo contado com a presença dos vereadores, do coordenador do Procon no município, advogado Moisés Carneiro, do representante da ANP-Agência Nacional de Petróleo, Leônidas Vilhena, de um representante da OAB, de um representante do CDL e Associação Comercial, o empresário Fabricio Schuber, representantes dos revendedores de gás e lideranças comunitárias.

Peninha falou sobre o objetivo da audiência.

Disse que diariamente recebe reclamações da população com relação ao preço da botija de gás vendida em Itaituba a R$ 72,00 e do garrafão de água mineral, R$ 12,00. Isso provocou a Câmara a marcar esta audiência para discutir com os revendedores de gás de Itaituba o preço que hoje está sendo vendido a botija.

Em seguida, representantes da comunidade se manifestaram protestando contra o que consideram um abuso, no caso, os preços praticados nesses dois produtos. Disseram que em Santarém a botija custa R$ 55,00. E querem saber porque em Itaituba uma botija é vendida por R$ 72,00. 

Muita discussão girou em torno disso, causando muito bate boca entre representantes das empresas revendedoras com populares, sendo obrigado o presidente de a sessão interromper a discussão.

O representante da empresa Liquigás, Nailson da Silva Viana, falou em nome dos revendedores e defendeu o preço. Disse que os distribuidores não podiam baixar o preço, porque se não seriam obrigados a fechar o comércio, já que tem muitas despesas.

Mostrando uma planilha do valor que compra o gás e suas despesas, Nailson justificou o preço de R$ 72,00 da botija vendida em Itaituba. Ele mostrou uma lista de cidades brasileira com o respectivo preço praticado na venda de gás. Entre elas, Cuiabá, onde a botija é vendida ao preço R$ 83,00. Em Altamira, custa R$ 65,00 e em Santarém, no próprio documento, Nailson mostra que uma botija de gás é vendida ao preço de R$ 56,00.

Com relação à água mineral, o próprio Nailson confessou que compra em Santarém a R$ 2,70 o garrafão de água mineral e que um garrafão chega a Itaituba ao preço de R$ 4,70. Aqui ele vende no atacado ao preço de R$ 12,00. O empresário sempre defendeu os preços dos seus produtos, alegando suas despesas.

O vereador Peninha, em aparte, discordou das colocações de Nailson. Disse que é inadmissível, que em Jacareacanga, a 400 quilômetros de Itaituba, uma botija seja vendida ao preço de R$ 75,00. Apenas R$ 3,00 a mais do que o preço em Itaituba. Também disse que em Moraes Almeida e em Castelo de Sonho a botija é vendida ao preço de R$ 72,00, o mesmo preço de Itaituba.

O representante da ANP, Leônidas Vilhena, disse que a agencia está atenta à fiscalização, mas que com relação ao preço, ele não pode fiscalizar, pois depende de outras instâncias dentro do próprio órgão. Entretanto, na fiscalização que fez no comercio local, encontrou varias irregularidades nas distribuidoras de gás, inclusive autuando algumas.

Já o coordenador do Procon, Moisés Aguiar, foi objetivo no seu pronunciamento. Disse que não pode confirmar que haja cartel na venda do gás, mas admitiu que há um alinhamento nos preços da botija vendida em Itaituba.

Houve muito bate boca entre os representantes das distribuidoras, vereadores e populares, mas no final da audiência foram dados os encaminhamentos. Ficou decidido que dentro de 10 dias as empresas vão apresentar uma planilha justificando o preço que hoje está sendo praticado na venda da botija de gás em Itaituba, assim como também vão apresentar um relatório que justifique o preço do garrafão de agua mineral vendido ao preço de R$ 12,00 aqui. Essa planilha será analisada pelo Procon que tomará as providencias cabíveis no
sentido de regulamentar os preços desse.

Por outro lado, o vereador Peninha teve acesso a informações importantes sobre o preço do gás entregue aos distribuidores em Itaituba. Na Liquigás, por exemplo, a empresa compra uma botija de gás ao preço de R$ 41,64 em Belém. Não paga nenhum centavo de transporte, pago pela distribuidora em Belém. Aqui vende a R 72,00 a botija. A margem de lucro por varejo é de R$ 30,36 por botija.

Pelo relatório apresentado, relativo ao mês de março, o senhor Nailson vendeu 13.668 unidades. Se a margem de lucro de cada botija foi R$ 30,36 multiplicando este valor pela quantidade de botijas vendidas a empresa faturou mais de R$ 414.960,48. É necessário que se saiba, também, que a Liquigás entrega no varejo para pequenos comerciantes revenderem de gás ao preço de R$ 57,00 a botija. Então deve haver uma redução na margem de lucro do valor acima, porém, mesmo assim a empresa está praticando preços altos na venda de gás em Itaituba.

A Paragás Distribuidora, em Belém, entrega a botija ao preço de R$ 18,17. O frete do vasilhame de Belém a Itaituba custa R$ 5,65. A botija é entregue ao revendedor em Itaituba ao preço de R$ 47,69. A margem de lucro é de R$ 29,52. Aqui o gás é vendido ao preço de R$ 72,00.


No entendimento de Peninha, as empresas distribuidoras de gás em Itaituba, querem pagar todos os seus custos com os grandes lucros praticados, tanto na venda de gás quanto de água mineral. Ele entende que além dos custos inerentes a esse tipo de atividade, como pessoal e transporte, embutem ainda despesas como parcelas de seus veículos, além de outras.



Fonte: blog do Peninha
Edição de texto: Jota Parente

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