O
presidente da Argentina, Mauricio Macri, tem
afinidades com o PSDB, principal líder da oposição. Com suas medidas econômicas
neoliberais e antipatia pelos governos progressistas da América do Sul, costuma
ser citado por tucanos como exemplo do que deveria ser em um Brasil sem Dilma
Rousseff e o PT. Ele tem sido, porém, um frustrante aliado na batalha do impeachment.
Em
gestos e manifestações recentes, Macri e sua ministra das Relações Exteriores, Susana Malcorra, têm sido,
por ora, mais úteis a Dilma do que à oposição. O motivo desta postura seria,
conforme apurou CartaCapital,
a necessidade argentina de não brigar com vizinhos sul-americanos para ter o
apoio deles para disputar o cargo de secretário-geral das Nações Unidas.
O mandato do atual secretário, Ban Ki-moon,
termina no fim deste ano. Suzana Malcorra era chefe de gabinete dele até
assumir a chancelaria de Macri, em dezembro, e é potencial candidata ao comando
da ONU, caso a Argentina leve adiante seus planos de tentar dirigir o organismo.
Entre os gestos favoráveis a Dilma feitos
diretamente por Macri destacam-se dois. Em fevereiro, ele recusou-se a receber
uma delegação tucana em Buenos Aires. Viajaram até lá o presidente do PSDB,
Aécio Neves, o senador Aloysio Nunes Ferreira, presidente da Comissão de
Relações Exteriores, e Ricardo Ferraço, ex-dirigente da mesma comissão.
Em entrevista ao jornal argentino La
Nacion no
domingo 21, Macri mostrou compreensão diante da decisão de Dilma de nomear o
ex-presidente Lula para o ministério. “Quero crer que ela o fez para fortalecer
seu governo do ponto de vista operacional, não para cumprir uma causa judicial.
Desde esse ponto de vista, é absolutamente válido. Agora, não cabe a segunda
intenção, que não me consta.”
A nomeação gerou polêmica e uma guerra
jurídica por despertar acusações de que só foi feita para evitar que as
investigações sobre o patrimônio e o instituto do ex-presidente ficassem na
alçada do juiz Sergio Moro, comandante da Operação Lava Jato na
primeira instância. Uma versão que os próprios tucanos reconhecem não ser de
todo verdadeira.
“Acho até, se me permite uma diferenciação,
que a motivação inicial não foi a motivação de proteger o Lula do ponto de
vista jurídico. A motivação inicial foi de dar um fôlego para o governo, até
para enfrentar, na Câmara dos Deputados, o processo de impeachment”,
disse o senador paulista José Serra no plenário do Senado no dia 17.
A chanceler Malcorra também se comportou de
forma mais útil ao governo brasileiro. Disse que “há um apoio institucional” do
governo Macri a Dilma. Afirmou mais: devido à cláusula democrática do Mercosul,
o Brasil poderia até ser suspenso do bloco. Uma exclusão que, vale ressaltar,
seria do agrado de muitos tucanos, os quais vêem o Mercosul como inútil.
Fonte: Revista Carta Capital
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