BRASÍLIA
– O Globo - A Comissão do Impeachment aprovou por 38 votos, cinco a mais que o
necessário, o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) pela admissibilidade
do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Votaram contra 27
deputados. Não houve abstenções. O processo seguirá agora para o plenário da
Câmara, onde são necessários 342 votos entre os 513 parlamentares para aprovar
a admissibilidade e encaminhar o processo ao Senado.
No
encaminhamento final da votação, falaram dois deputados a favor e dois contra o
impeachment. Falaram a favor os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Mendonça
Filho (DEM-PE). Eles repisaram os argumentos a favor do afastamento.
- Quando se atenta contra o Orçamento é o povo que está pagando a
conta. São dez milhões de desempregados, inflação de dois dígitos, empresas
quebrando e a maior recessão da história econômica do país. Esse é o resultado
das fraudes fiscais e crimes perpetrados pela presidente Dilma Rousseff -
afirmou Mendonça.
Pelo
lado do governo falaram os deputados Jandira Feghali (PC do B-RJ) e Paulo
Teixeira (PT-SP). Os argumentos também foram semelhantes aos apresentados
anteriormente.
-
O que está aqui em curso é um golpe parlamentar, porque o povo brasileiro deu
54 milhões de votos a Dilma Rousseff e ela não praticou nenhum crime de
responsabilidade na vida. É um atentado contra a Constituição brasileira o que
está acontecendo - disse Paulo Teixeira.
A
sessão de votação começou às 10h55 e seguiu ao longo de todo o dia. Além dos
líderes partidários e deputados da comissão, o advogado-geral da União,
ministro José Eduardo Cardozo, também usou a palavra para defender Dilma. A situação da presidente se
agravou após a orientação dos líderes.
O
ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo,
avalia a possibilidade de ir à justiça para questionar o processo de
impeachment. O ministro argumenta que o processo tem várias falhas, como o
cerceamento ao direito de defesa de Dilma. Ele disse nesta segunda-feira que
uma eventual ida ao Judiciário ocorrerá no momento oportuno, mas indicou que os
recursos possíveis dentro da própria Câmara, ou seja, sem precisar recorrer à
justiça, são limitadas.
—
Eu vou dizer a você que essa é uma decisão que tem que ser avaliada a cada passo,
a cada momento. É perfeitamente possível discutir essa questão no Judiciário.
No entanto é uma decisão que tem que ser tomada no momento certo, na hora certa
— disse Cardozo em entrevista coletiva, antes da votação do relatório da
comissão especial.
Enquanto a comissão do impeachment votava a admissibilidade do
processo, militantes pró e contra puxavam os primeiros protestos da semana na
Esplanada dos Ministérios. Eles não conseguiram chegar ao gramado do Congresso
Nacional devido à barreira colocada pelo governo do Distrito Federal (GDF) na
Alameda dos Estados. A cerca ficará no local até o plenário da Câmara finalizar
a análise do impeachment, o que está previsto para domingo.
Os
protestos estão divididos pelo muro que começou a ser instalado pelo GDF. Do
lado sul, os manifestantes pró-impeachment tocaram, no carro de som, o Hino
Nacional para comemorar o resultado da votação. Do outro lado, militantes que
defendem o mandato da presidente Dilma disseram que já esperavam o resultado na
comissão e que isso reforça ainda mais a necessidade de mobilização para barrar
o que chamam de "golpe".
- Somos 35 milhões de
trabalhadores pobres. Temos que sair nas periferias, ir nas escolas, nas
comunidades, organizar nossos meios de comunicação para que a gente vá
conversar com os trabalhadores para que eles venham para as ruas não para
defender um governo mas defender a democracia - afirmou o militante do MST no
carro de som.
Do
outro lado, manifestantes exaltam a figura do juiz Sérgio Moro, responsável
pelas Lava Jato no Judiciário, e pedem a punição de todos os corruptos no país:
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