A
atriz Bete Mendes não gosta de comentar o assunto. Ela foi uma das torturadas
pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, durante a ditadura militar. O nome
dele voltou a ganhar destaque após a homenagem feita por Jair Bolsonaro
(PSC-RJ) ao coronel, durante
votação sobre o impeachment de Dilma Rousseff, no último domingo (17).A
declaração levou a OAB-PA a encaminhar um
pedido de cassação do deputado por apologia à tortura.
“Isso me marcou profundamente. Não desejo
para o meu pior inimigo. A tortura física é a pior perversidade da raça humana;
a psicológica, idem”, declarou Bete ao jornal Folha de S. Paulo, durante uma
entrevista em 2013.
Presa e torturada em 1970, ela disse que com
tanta humilhação, o que desejava era apenas sobreviver.
O
encontro com Ustra veio em 1985, no Uruguai, quando ela era deputada. Assim que
chegou ao Brasil, escreveu uma carta para o então presidente José Sarney
denunciando o ex-torturador, que ocupava o posto de adido militar da embaixada
do Brasil.
“Não
posso calar-me ante a constatação de uma realidade que reabriu em mim profunda
e dolorosa ferida... Digo-o, presidente, com conhecimento de causa: fui torturada
por ele. Imagine, pois, vossa excelência o quanto foi difícil para manter a
aparência tranquila e cordial exigida pelo cerimonial: Pior que o fato de
reconhecer meu antigo torturador, foi ter de suportá-lo seguidamente a
justificar a violência cometida contra pessoas indefesas e de forma desumana e
ilegal como sendo para cumprir ordens e levado pelas circunstâncias de um
momento”, dizia trecho da carta.
A
atriz já declarou também que superou o período com tratamento psicológico e
trabalho. Ela ainda tem problemas de audição por causa da tortura, revelou
também ao jornal paulistano. (DOL)
Nenhum comentário:
Postar um comentário