Diferentemente
do que poderia acontecer, e seria talvez trágico se fosse assim, quem apoia o
governo federal atendeu aos pedidos de suas lideranças e ficou em casa. A não
ser uma minoria que saiu para mostrar que não mudou de lado, mas, sem
confrontos.
Ninguém
pode negar que foi um ato gigantesco que assusta qualquer governo e que
certamente o sacode, provavelmente fragilizando ainda mais os débeis pilares
que ainda mantém de pé o governo da presidente Dilma Rousseff.
Excetuando
a caçada nada democrática feita por procuradores ensandecidos que não estão nem
aí para o respeito às leis ou para prováveis convulsões sociais que possam
acontecer, pois a única coisa que lhes interessa é colocar o ex-presidente atrás
das grades, e alguns exageros do juiz Sérgio Moro, criticado até por um dos
mais respeitados ministros do STF, com 25 anos de casa, Marco Aurélio Mello, é
muito salutar o que está acontecendo neste país.
Espera-se
que de fato o Brasil mude para melhor, embora eu não acredite nisso, pois como
disse há mais ou menos um mês o próprio juiz Sérgio Moro, ele sozinho e mais
uma meia dúzia de pessoas não vão conseguir transformar isso aqui numa
Dinamarca da noite para o outro só porque um bando de ladrões de colarinho branco
foi colocado na cadeia, o que já tem sido um bom avanço, porque deu um tempo
naquele velho ditado que diz que no Brasil só vai preso ladrão de galinha.
Pode
ser que nossa terceira geração possa viver em um país com outra mentalidade,
com outra concepção do respeito às leis e ao próximo, porque vai demorar um
bocado para isso acontecer.
Encontrei
essa foto de uma placa numa das manifestações que deveria circular em todos os
sites, em todas as redes sociais, pois se estivesse acontecendo o que ela pede,
o apoio da nação seria bem mais amplo.
De
qualquer forma, em São Paulo, manifestantes tiveram uma reação que deixou claro
o que os brasileiros acham dos políticos nacionais de um modo geral. Mostrou
que ali tinha muita gente que não era massa de manobra, posto que a
insatisfação não era apenas contra o PT, contra Lula e contra a presidente
Dilma, pois botou para correr os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alkimin. Confesso
que de tudo que vi, esse foi um dos melhores momentos. Ali eu me senti representado,
pois já faz tempo que não acredito mais nessa cambada, nem que possamos
conseguir uma mudança real do modus operandi de comandar o Brasil, da
presidente da República até o prefeito do mais humilde município brasileiro. O
mesmo vale para o Poder Legislativo.
Foi
bom ver milhões de pessoas na rua, uma vez que nossa famosa letargia, que tem
nos levado aquela máxima que diz, vamos esperar para ver como é que fica, ficou
em casa, ontem. Lamento que uma grande parte daquela multidão não saiba
exatamente porque saiu de casa, pois muita gente foi na onda.
Uma
coisa é certa: vai ser muito difícil o PT conseguir se segurar no comando da
nação, pois a presidente Dilma ficou ainda mais fragilizada depois de ontem.
Ainda mais porque o oportunista PMDB, partido do qual fui admirador por muito
tempo, quando tinha Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela e outros
grandes nomes, caminha para deixar o barco da Dilma, como lhe convém no momento.
O
Brasil, que mais do que nunca tem sido ridicularizado no exterior, pelo menos,
mostrou outra cara para o mundo, que viu que não somos mais de duzentos milhões
de corruptos. Aqui tem milhões e milhões de pessoas honestas, que primam pela
ética e que sonham ter governos decentes.
E
termino afirmando que uma das melhores coisas que aconteceram nesses protestos
foi Alckmin e Aécio terem sido escorraçados pelos manifestantes de São Paulo, o
que demonstra que a insatisfação não se resume aos políticos do PT, mas, contra
essa desgastada turma que vem assaltando o país há décadas.
Jota
Parente
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