sexta-feira, janeiro 22, 2016

Retomada do crescimento em 2017 é incerta, diz Ibre

A composição da queda de 1% esperada para a atividade econômica no quarto trimestre de 2015, na comparação com os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, não dá nenhuma pista sobre em que momento o crescimento vai voltar, e as chances de o Produto Interno Bruto (PIB) ter desempenho negativo também em 2017 são preponderantes. A avaliação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre¬FGV), com base nas sondagens de confiança empresarial da entidade. 

Na edição de janeiro do Boletim Macro, divulgada com exclusividade ao Valor, o Ibre traça quatro cenários possíveis para o comportamento da economia até 2018. Todos contam com retração de 3% da atividade neste ano. No mais otimista deles, que considera que a confiança voltaria a um nível neutro em algum momento de 2017, o PIB teria expansão de apenas 0,1% no próximo ano, seguida de aumento de 0,6% no ano seguinte. Já nas duas hipóteses mais pessimistas, a dinâmica negativa duraria até 2018, quando finalmente os índices de percepção empresarial e de consumidores sairiam da zona pessimista. "Esses números refletem a tendência de crescimento com base no conjunto de informações atualmente disponível. Portanto, mudanças de curso na política econômica podem aprofundar ou amenizar esses movimentos. Todavia, com base no estado atual da economia e da política econômica, esperamos contração de 3% em 2016 e nova contração, de 0,4%, em 2017", preveem a coordenadora técnica do boletim, Silvia Matos, e o pesquisador Vinícius Botelho. 

Para Silvia, apenas uma ruptura radical no ambiente político ¬ como o impeachment da presidente Dilma Rousseff e uma nova eleição, por exemplo ¬ poderia levar a uma reversão mais rápida das expectativas e, por conseguinte, a uma reação mais forte da atividade no próximo ano. Por enquanto, diz, o cenário mais provável é que, conforme observado nos últimos três meses do ano passado, os indicadores de confiança empresarial se estabilizem em patamar bastante baixo. "O paciente ainda está na UTI, sem sinais de melhora." Na avaliação de Aloísio Campelo Jr. e Viviane Bittencourt, responsáveis pela seção de confiança do boletim, esses indicadores devem seguir influenciando negativamente a economia na maior parte deste ano. Segundo os dois economistas, a acomodação dos índices empresariais e de consumidores no último trimestre do ano passado foi impulsionada pelas expectativas.

 O "sopro de ânimo" sugerido por esse movimento, no entanto, ainda é insuficiente para gerar um ponto de inflexão, dizem. Embora não se possa descartar a ocorrência de "turning points" nos próximos meses, que poderiam ocorrer após uma suavização na trajetória de declínio do PIB, Campelo e Viviane destacam que, no momento, há predominância de fatores com impacto negativo sobre a confiança: "o cenário econômico continua delicado, o ambiente político é tenso e a economia mundial dá sinais de enfraquecimento."

Fonte: Valor Econômico

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