Não
sou, nem nunca fui petista, mas, primo para que a verdade prevaleça. De modo
especial quando se trata da nobre missão de levar informação às pessoas, missão
da qual também tenho a incumbência.
A
chamada grande imprensa nacional tem prestado um grande serviço à nação, quando
torna público os desmandos e os assaltos ao erário público, que tem contribuído
para que o país tenha chegado a esse estado atual de crise, que se confunde,
sem que se saiba qual é a maior, se é a da economia ou da política.
A
da economia ecoa mais alto, porque dói no bolso da gente. E toda vez que dó no
bolso, a gente grita e esperneia, menos do que deveríamos, porque não somos
bons em reivindicar. Mas, a crise econômica é claramente muito afetada pela
crise política, na qual o irracionalismo tem tido papel preponderante.
Grande
parte da classe política tem contribuído para o quanto pior, melhor,
recusando-se a sentar à mesa para discutir correções de rumos. A hora, usando
uma figura de linguagem, é de todos colaborarem para retirar a água que está
levando o barco Brasil para o fundo. Mas, tem gente que prefere agir como o
português, que em uma situação análoga disse: eu não quero nem saber, porque o
barco não é meu!
A
grande imprensa, pelo menos a maior parte dela, dá muito mais destaque para as
notícias ruins, do que para algumas boas novas que surgem de vez em quando,
pela simples razão de que, quem trabalha com informação sabe que notícia ruim
vende jornal e revista e dá boa audiência para rádios, TVs e mídias sociais.
E
nessa esteira de notícia ruim, grandes conglomerados como Folha, Estadão, Veja
(Editora Abril), Organizações Globo (Rede Globo, G1, Globo News, O Globo...)
adicionaram o ingrediente político, através do qual escolheram, há muitos anos,
um lado para bater, escondendo o quanto podem alguns maus feitos do outro lado.
É
fato que o Partido dos Trabalhadores está atolado até o pesco em um mar de
corrupção, que maculou para sempre a imagem do partido que tanto lutou para
chegar ao poder central, com a promessa de fazer diferente. E tem feito a
diferença, quando tem ido com sede insaciável ao pote do erário público, como
nunca na história desse país (frase preferida de Lula) havia acontecido.
Não
tenho procuração, muito menos, intenção de diminuir o estrago que a turma do PT
tem feito no país, pois isso seria um despropósito, diante de tudo que já foi
amplamente provado na roubalheira geral que tomou conta de alguns setores de
grande relevância, como a Petrobras. O meu objetivo é tão somente lamentar o
mau serviço de grande parte da imprensa.
Sob
o disfarce de imprensa imparcial, os grupos de mídia citados anteriormente tem
agido como verdadeira imprensa marrom, quando além de fazerem a cobertura dos
acontecimentos diários, acrescentam um componente cujo objetivo é vilipendiar o
outro lado, no caso, quem age e pensa diferente do que esse pessoal defende,
mesmo que essas pessoas não tenham tido nenhum envolvimento com atos ilícitos.
Envergonha
a gente que trabalha na imprensa, no meu caso, há quatro décadas e meia, tendo
passado pelos tempos da ditadura, da qual esse pessoal era cúmplice, esse tipo
de comportamento. Sinto vergonha dessa imprensa que eles praticam. Basta parar
um pouco para analisar essa barbaridade da Folha, em sua edição de sexta-feira
passada, repercutida por muita gente, quando divulgou que a ex-primeira Marisa
Letícia havia comprado um barco, e que o mesmo tinha sido levado para o sítio
que está nos noticiários todos os dias. A Folha publicou que tinha nota fiscal
e tudo.
Pois
bem, o tal barco, que pelo alarde parecia ser um transatlântico, nada mais é do
que um barquinho de alumínio, desse que a gente usa para atravessar o Rio
Tapajós, que custou 4 mil e cem reais.
Na
medida em que as redes sociais avançam, emissoras de Rádio e TV retrocedem em
termos de audiência e jornais e revistas impressos vendem menos exemplares.
Nunca o expediente do contraditório esteve tão ao alcance dos cidadãos. Hoje em
dia, para milhões de brasileiros, as notícias que merecem chamadas de capa na
Folha, ou manchetes no Jornal Nacional deixaram de ser incontestáveis. Pelo
contrário, são contestadas diariamente. E nesse quesito a gente evoluiu
bastante.
Ainda
bem que o desenvolvimento tecnológico possibilitou a muita gente deixar de ser
massa manobra dessa gente, embora ainda haja muito mais pessoas do que eu
gostaria que houvesse, que simplesmente perguntam: viu o que saiu na Veja? Viu
a notícia que saiu no Jornal Nacional? Viu a manchete de capa da Folha? Quanto
mais gente houver, contestando e procurando se certificar sobre o que nós da
imprensa publicamos, mais esclarecido será o novo povo.
Sou
do tempo em que uma parte da imprensa esteve a serviço do restabelecimento da
democracia, noticiando atrocidades cometidas pelo então regime dominante, a ditadura
militar, pagando um alto preço por ter a coragem de denunciar os abusos. Conheço
colegas que sofreram tortura psicológica por enfrentarem o estado policialesco,
enquanto teimavam em exercer uma cidadania que só existia no papel. Mas, enfim,
eram outros tempos.
Jota Parente - Jornalista de 1971
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