As estatísticas a respeito da
quantidade de óbitos, número de acidentes e pessoas que dão entrada no Hospital
Municipal de Itaituba por causa de acidentes de trânsito neste município são
impressionantes, e algumas delas são tão elevadas, que a reportagem precisou
checar algumas informações que pareciam inverossímeis. Mas, lamentavelmente, é
tudo verdade.
Em termos percentuais, Itaituba está
inserida entre as cidades brasileiras que tem um trânsito muito violento, das que
mais registram mortes por acidentes de trânsito. Somente no ano de 2015,
conforme o setor competente da secretaria de Saúde do município, morreram 42
pessoas. Isso apenas das mortes ocorridas aqui mesmo, pois quem foi transferido
para Santarém por causa de acidente de trânsito ocorrido em Itaituba, e morreu
naquela cidade, foi incluído nas estatísticas de óbitos daquele município.
Supondo-se que a cidade de Itaituba
possa ter 100 mil habitantes, que é mais ou menos o que se imagina ter, porque
os números do censo do IBGE estão totalmente defasados, esse número de 42
mortes por 100 mil habitantes só encontra similaridade em algumas capitais onde
o trânsito também é calamitoso como o daqui.
A editoria do Jornal do Comércio
solicitou e o 7º Grupamento de Bombeiros Militares enviou um relatório
detalhado do número de acidentes de trânsito do ano passado, somente até o mês
de outubro, por que falta fechar o balanço de novembro e dezembro. Aconteceram
até então, 359 acidentes nas ruas da cidade, e alguns no interior, mas, a quase
totalidade se registrou no perímetro urbano.
Tomando-se
a média mensal do número de acidentes até outubro de 2015, esse número sobe
para 438, pouco abaixo de 2014, quando o Corpo de Bombeiros registrou 445. Mas,
é preciso levar em conta que esse número é maior, porque aqui não estão
contabilizados os atendimentos feitos apenas pelo SAMU.
Outro
dado assustador é a quantidade de pessoas que deram entrada no Hospital
Municipal por conta de acidentes de trânsito. Foi exatamente nesse ponto que a
reportagem achou melhor procurar a direção do HMI para verificar se não tinha
havido algum engano. Não houve. Foi mostrado o volume de fichas preenchidas no
decorrer de cada atendimento, chegando-se ao total de impressionantes 3.400
acidentados atendidos. Somente até o dia 13 de janeiro de 2016 o HMI registrou
124 atendimentos em seu pronto socorro por esse mesmo motivo. Ou seja, o ano
começou na mesma balada de 2015.
Os
números não metem. Eles são cem por cento verdadeiros e devem remeter a uma
análise por parte das autoridades e da sociedade de um modo geral, pois além de
ter virado caso de polícia, transformou-se, também, em um caso de saúde,
pública, porque essa exagerada quantidade de pessoas que são atendidas
diariamente pelos profissionais de saúde do Hospital Municipal, ocupam leitos e
levam esses profissionais a terem que se desdobrar para darem conta de atender
as outras ocorrências do dia a dia da população.
De acordo com dados do DATASUS, do
Ministério da Saúde, relativos ao ano de 2013, o estudo mais completo e confiável
sobre esse assunto, disponível, Teresina é a capital mais perigosa para se
andar nas ruas, pois apresentou uma taxa de mortes no trânsito de 55,83 pessoas
por 100 mil habitantes. Em contrapartida, a cidade do Rio de Janeiro tem o
menor índice, com 3,67 mortes por 100 mil habitantes.
Santarém aparece nas estatísticas do
DATASUS com números de primeiro mundo, apresentando em 2013, 0,35 mortes por
cada 100 mil habitantes. Na outra ponta da violência por mortes no trânsito,
Marabá teve 128 mortes, o que lhe valeu a média de 58,82 mortes por 100
habitantes, número alto, maior que de Teresina. O trânsito louco de São Paulo,
temido por todos, ficou com 10,35 mortes por cada 100 mil habitantes, média
razoável.
No caso de Itaituba, mesmo
levando-se em consideração que esse número de 42 mortes não deve crescer muito,
se tiver acontecido algum óbito de acidentados levados daqui para Santarém, o
total de vidas perdidas já é muito elevado, e demais preocupante, pois, embora
haja muita cobrança quanto a um maior rigor das autoridades na fiscalização,
essa situação não vai melhorar enquanto houver pais irresponsáveis que dão
motos de presente para filhos menores, alguns com até doze anos, assim como
pais que entregam seus reluzentes carros para filhos menores. O trânsito tem
que ser visto como um problema de todos. Ou esses jovens vão continuar se
matando, e matando pessoas que só querem ter o direito de trafegar em paz.
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