Marilene Parente |
Obtive o grau em Direito
pela Universidade do Grande ABC, em Santo André, na grande São Paulo, em
dezembro de 2001. Era mais do que natural que eu sonhasse com o dia em que
abriria a porta do meu próprio escritório para trabalhar numa profissão que é
elementar em um estado democrático, que é a advocacia. Afinal de contas, foi em
Direito que eu me formei.
Não é que eu tenha
abandonado esse sonho, pois até sou cobrada por não ter ainda me empenhado para
fazer o exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Tem gente que diz: como pode
você ter se matado estudando, fazendo um curso desses fora, com tanta
concorrência, e não usufruir dos tantos anos de sacrifício? Claro que não é fácil explicar as voltas que
o mundo dá e as voltas que a vida dá.
Ao retornar de Santo André
para Santarém, fiz um estágio de seis meses na Defensoria Pública, que foi de
enorme valia para mim. Foi um grande aprendizado. Estava no caminho certo e
tudo me direcionava para fazer o exame de ordem. Mas, embora eu ache que na
maioria das vezes a responsabilidade pelo que ocorre na vida da gente é da
gente mesmo, surgem algumas situações que fogem ao nosso controle.
Durante o período em que
estagiei na Defensoria Pública, recebi alguns convites de advogados que me
conheceram lá, para que após conseguir aprovação no exame da ordem eu os
procurasse, abrindo a porta para que eu pudesse iniciar efetivamente uma carreira
de advogada.
Apesar de ter feito o curso
de Direito, sempre tive uma boa identificação com vendas. Foi por demonstrar
aptidão para essa atividade que eu fui parar em uma carteira de seguros do
Bradesco, que me possibilitou um bom aprendizado, tanto pelos cursos que tive
oportunidade de fazer, patrocinados pelo banco, quanto pela experiência com a
prática de venda de seguros, no dia a dia. Confesso que não é uma coisa muito
fácil.
Ainda em Santarém, quando o
Parente comentou comigo a ideia de criar um jornal impresso, juntamente com o
jornalista Edinaldo Rodrigues, eu fiquei entusiasmada, pois mesmo não tendo até
aquele momento nenhuma experiência nessa área, achei que aquilo poderia dar
certo. Caso o Jornal do Comércio tivesse sido criado em Santarém, com certeza
eu teria arregaçado as mangas para ajudar a viabilizá-lo financeiramente. Mas,
estava escrito nas estrelas, que o lugar certo para lançar seria mesmo
Itaituba, com o mesmo nome imaginado em Santarém.
Cheguei aqui sem conhecer
ninguém que não fosse o Parente. Desconhecida, mas, determinada a lutar para
que o nascente Jornal do Comércio não fosse apenas um acontecimento fugaz, como
aconteceu com outros periódicos que surgiram e desapareceram poucas edições
depois de lançados. Sabia que tinha um desafio pela frente, desafio esse meu e
do editor-responsável.
E assim começamos como se
fossemos uma equipe, não apenas uma dupla de teimosos dispostos a remar contra
a correnteza e contra o pessimismo de alguns, como certo empresário, que no
começo, poucos meses depois que o jornal estava circulando, ao ser contatado na
tentativa de conseguir um anúncio comercial disse na minha cara, que jornal
impresso em Itaituba tinha vida curta; não chegava a um ano. Quando já tínhamos
passado dos nove anos de existência eu o encontrei e refresquei sua memória.
Ele ficou meio sem graça, mas, tinha certa dose de razão, porque depois eu fui
me informar e constatei que diversas publicações tiveram uma vida muito curta.
Aqui estamos nós, dez anos depois, de cabeça erguida, graças à qualidade do produto que entregamos aos nossos leitores, que não se destaca pelas cores, posto que é impresso em somente uma cor, preta. O que vendemos é a credibilidade conquistada, primeiramente, nas quatro décadas de carreira do Parente, e depois pela maneira como eu e ele construímos este periódico quinzenal que hoje faz parte da vida do município e que já está inserido na história de Itaituba. Grande parte dessa história está registrada nas mais de quatro mil páginas publicadas até hoje. Foi uma longa jornada, mas, todo o sacrifício enfrentado tem valido a pena.
Artigo publicado na
edição 203, comemorativa dos dez anos do Jornal do Comércio
Nenhum comentário:
Postar um comentário