Grupo é acusado de obrigar fiéis a trabalhar sem
pagamento.
Estão sendo cumpridos
mandados de prisão temporária, entre outros.
G1 - A
Polícia Federal faz uma operação na manhã desta segunda-feira (17) em
propriedades de uma seita religiosa acusada de manter fiéis em situação análoga
à escravidão. Ela é conhecida como "Comunidade Evangélica Jesus, a verdade
que marca".
Ao
todo, estão sendo cumpridos 129 mandados judiciais, entre eles seis de prisão
temporária, seis de busca e apreensão e 47 de condução coercitiva, além de 70
mandados de sequestro de bens, envolvendo imóveis, veículos e dinheiro.
No
Sul de Minas, os mandados expedidos pela 4ª Vara Federal em Belo Horizonte (MG)
estão sendo cumpridos nas cidades de Pouso
Alegre, Poços de Caldas, Andrelândia,
Minduri, São Vicente de Minas e Lavras. Além de
Minas Gerais, também há mandados sendo cumpridos em São Paulo e nas cidades
baianas de Carrancas, Remanso, Marporá,
Barra, Ibotiram e Cotegipe.
Os
envolvidos podem responder por tráfico de pessoas, organização criminosa,
falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Investigações
As investigações apontaram que os dirigentes da seita religiosa estariam mantendo pessoas em regime de escravidão nas fazendas do Sul de Minas, onde desenvolviam suas atividades e rituais religiosos.
As investigações apontaram que os dirigentes da seita religiosa estariam mantendo pessoas em regime de escravidão nas fazendas do Sul de Minas, onde desenvolviam suas atividades e rituais religiosos.
Os
fiéis, ao ingressarem na seita, eram convencidos a doar seus bens sob o
argumento da convivência em uma comunidade onde tudo seria de todos. Em
seguida, eles eram obrigados a trabalhar sem qualquer pagamento.
Segundo
a PF, a estimativa é que o patrimônio recebido em doações dos fiéis chegue a
pouco mais de R$ 100 milhões. Parte desse patrimônio teria sido convertido em
grandes fazendas, casas e veículos de luxo.
Operação em 2013
A seita começou a ser investigada em 2011, e os trabalhos resultaram na deflagração da "Operação Canaã" em 2013, quando a Polícia Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do trabalho fizeram inspeções em propriedades rurais.
A seita começou a ser investigada em 2011, e os trabalhos resultaram na deflagração da "Operação Canaã" em 2013, quando a Polícia Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do trabalho fizeram inspeções em propriedades rurais.
Conforme
as investigações da época, foi identificado um sofisticado esquema de exploração
do trabalho humano e lavagem de dinheiro levado a cabo por dirigentes e líderes
religiosos.
Na
época, dois membros da seita "Comunidade Evangélica Jesus" foram
presos por apropriação indébita de cartões do programa "Bolsa
Família" e de aposentadoria. Com eles, foram encontrados cartões do
programa e da Previdência Social que, segundo o delegado que comandou a
operação, João Carlos Giroto, pertenciam a integrantes da seita.
Apesar
da suspeita de que seguidores trabalhavam ilegalmente em fazendas e comércios
da igreja, na época não foi comprovado o trabalho escravo.
Segundo
a Polícia Federal, a seita é oriunda de Ribeirão Preto (SP), mas em 2005,
mudou-se para Minas Gerais. O grupo religioso atua nas cidades mineiras de Minduri, Andrelândia,
Madre de Deus e São Vicente de Minas.
Em
2006, as precárias condições de alojamento e trabalho foram denunciadas. Na
época, cerca de 800 integrantes da organização moravam em cinco fazendas em São Vicente de Minas e
Minduri. Para a polícia, apesar de se organizarem em associações comunitárias
sem fins lucrativos, a seita funcionava como uma empresa comercial.
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