Jota Parente - Os prefeitos tentam despertar da
letargia que tomou conta da maioria deles desde que assumiram o cargo em 1º de
janeiro de 2013. Como tem sido regra pelo Brasil afora, os eleitos para
comandar seus respectivos municípios gastaram pelo menos um ano botando a culpa
pelos problemas existentes no antecessor. Tem gente que passou até mais tempo
do que isso, cansando até mesmo os seus eleitores, que começaram a ficar
irritados com a falta de ação e com o festival de desculpas. Em Itaituba não é
diferente.
Passado o período que poderia ser definido
como de carência, estabelecido pelos próprios gestores municipais eleitos,
tempo no qual eles disseram que precisavam arrumar a casa, alguns começaram a
fazer o básico, enquanto outros continuaram no marasmo que marcou o início da
gestão, esquecendo-se de que nos dias de hoje, a comunicação em tempo real das
redes sociais é implacável, não dando trégua aos que tentam apenas enrolar e
empurrar com a barriga os problemas municipais.
Ainda bem que o Congresso Nacional deverá
promulgar a tempo de ser válido para a eleição de outubro do ano que vem, o fim
da reeleição para os cargos eletivos do Poder Executivo, uma criação que tem
como pai o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vendeu a alma para
conseguir aprová-la, porque ele não queria ficar no cargo por apenas um
mandato. Foi um grande desserviço que FHC prestou ao país.
Foi um desserviço porque o Brasil não
estava, nem está ainda preparado para conviver com o instituto da reeleição.
Isso ficou mais do que provado ao longo desses últimos vinte e um anos, pois os
gestores, de um modo geral, adotaram posturas nocivas à boa administração
pública, com o objetivo de assegurar sua reeleição. E a grande maioria consegue
se reeleger, porque se trata de um jogo desigual. Quem está no poder tem uma
vantagem incomensurável em relação aos demais concorrentes.
Quem se elege, além de passar o
primeiro ano enrolando, dizendo que tem que arrumar a casa, costuma passar o
segundo ano de mandato fazendo o trivial, para somente a partir do terceiro ano
mostrar ao que veio. Aí, costuma aparecer dinheiro para atender as demandas da
comunidade, como pavimentação de ruas e construções, que são marcas muito
visíveis que dão bons resultados eleitoreiros.
O pior disso tudo é que nós, eleitores,
costumamos cair nessa armadilha, pois depois de ficarmos dois anos ou até um
pouco mais, execrando o mandatário de plantão, esquecemos sua incapacidade de
gerir a máquina pública, voltando a acreditar nas promessas mirabolantes. Dizem
muitos deles: no meu segundo mandato vai ser diferente. No primeiro mandato eu tive que botar a casa em ordem.
Agora eu vou trabalhar durante os quatro anos do meu segundo mandato. Confiem
em mim, votem em mim e verão como vou fazer. E em mais de 60% dos casos o
eleitor acredita e dá o segundo mandato.
O prefeito de Santarém, Alexandre Von
(PSDB), é um exemplo bem acabado disso, pois até o início deste verão, fez
pouco ou quase nada. É verdade que pelo menos o sistema viário daquela cidade
mereceu algum cuidado. Existem reclamações a respeito de muitas ruas
esburacadas, mas, houve uma manutenção razoável das vias de maior fluxo. Porém,
o que se fala na Pérola do Tapajós, é que ele demorou muito a se mexer. Alguns
dizem que as máquinas só foram para as ruas, há poucas semanas, depois que o
ex-prefeito Lira Maia deixou claro que poderá ser candidato a prefeito,
disputando o cargo com seu ex-vice e até então aliado Von. Isso complica muito
a vida do atual prefeito, pois em termos de popularidade, Maia está anos luz à
frente.
Em Itaituba, a prefeita Eliene Nunes
também tenta esboçar uma reação, um pouco em função da pressão advinda da
criação da CPI que apura denúncias de irregularidades na aplicação dos recursos
do Fundeb. Aliás, se a prefeita tivesse habilidade política, dificilmente essa
CPI teria sido criada. A falta de diálogo foi um dos fatores determinantes para
que ela prosperasse. E embora não sejam esperados resultados imediatos, ninguém
pode prever o que vai acontecer quando o relatório chegar ao Ministério Público
Estadual e ao Ministério Público Federal.
Inaugurações e mais inaugurações tem sido
feitas, mas, até agora Eliene não conseguiu fazer com que elas colassem em sua
figura, como fazia Roselito Soares, que fez a população acreditar que foi ele
quem fez a obra da orla. No caso dela, que tem inaugurado, basicamente, obras
de convênios com o governo federal, seu esforço não tem dado os resultados
esperados. Por isso, a prefeita vai precisar bem mais do que isso para que sua
popularidade de um salto. Se ela conseguir dinheiro para investir na melhoraria
do sistema viário, asfaltando algumas ruas, até poderá arquitetar uma volta por
cima. Caso contrário, vai ser complicado.
Artigo
constante da edição 202 do Jornal do Comércio, circulando
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