quinta-feira, julho 16, 2015

Informe JC da edição 201 do Jornal do Comércio

Nem Datena, nem Marcelo
Como FHC, o ex-presidente do Uruguai, José Mujica é um intelectual. E ele não tem medo de polêmica. Ano passado, no último ano de seu governo, ele assinou um decreto proibindo a exibição de programas policias sensacionalistas do tipo Cidade Alerta (Marcelo Rezende – Record) e
Brasil Urgente (José Luiz Datena – Rede Bandeirantes), entre as seis horas da manhã e dez da noite.

Redução
Para Mujica, esse tipo de programa é uma verdadeira apologia ao crime, o que motivou sua decisão. O resultado da proibição foi uma redução drástica nos crimes envolvendo, principalmente, o tráfico de drogas no Uruguai. Logo, se os números dizem isso, o ex-presidente estava certo. Mas, se alguém ousar sugerir tal medida no Brasil, imediatamente será taxado de querer tolher a liberdade de expressão; dirão que será uma tentativa de voltar aos tempos da censura e mais um monte de bobagens. Fazer apologia ao crime, pode; combater, não pode.

Marcelo Rezende
Nos anos 1980, o repórter Marcelo Rezende, à época fazendo parte do jornalismo da Rede Globo veio a Itaituba para fazer uma reportagem. O foco principal era a atividade dos pilotos da região e suas dificuldades e peripécias. Parecia ir tudo muito bem, mas, para fechar com chave de ouro, o repórter queria documentar como os pilotos faziam quando tinham que pousar ou decolar à noite.

Cilada 1
O advogado José Antunes lembrou, sábado passado, no programa O ASSUNTO É ESTE, comandando por Jota Parente, Alternativa FM, que Marcelo Rezende conversou com um piloto dos antigos, cujo nome na recordou no programa. Explicou que gostaria de fazer algumas imagens de operações noturnas, no que o aviador se prontificou para ajudá-lo. Deu-se ao trabalho de montar toda aquela logística de colocar carros nas laterais da pista de um garimpo para mostrar como funcionava. E assim foi feito.

Cilada 2
Estava tudo muito bom, até que a reportagem fosse exibida. Marcelo Rezende, quando chegou na parte de pousos e decolagens noturnos disse que aquilo era coisa de pilotos que trabalhavam para o tráfico de drogas, dando nomes a alguns pilotos da região que fariam trabalho sujo. Até o nome de uma senhora respeitada, dona Carminha, mãe de alguns pilotos (Bicu, Prego, Clinger, Quilme, Noco e Mamá, esse, in memoriam) foi citada de forma depreciativa na matéria. Claro que desde a tal reportagem, Itaituba só que ver o Marcelo Rezende pelas costas, pois ele traiu a boa fé das pessoas daqui, agindo com desonestidade.

Profissão Repórter
O pessoal do Profissão Repórter, programa comandado por Caco Barcelos, não chegou a fazer algo tão sórdido como o Marcelo Rezende, mas, deixou suas marcas na região de Novo Progresso, há duas semanas, onde produziu uma reportagem que revoltou muito o povo de lá. O problema é que quando essas equipes saem lá das centrais de jornalismo das grandes redes, - e a Globo é campeã nisso -, já vem com pacote fechado, pois o objetivo dessas reportagens é denunciar agressões ao meio ambiente, de qualquer jeito. Para eles, quem mora por aqui é cidadão de segunda classe e não precisa ser ouvido. O que interessa é a opinião deles, e ponto final e de quem paga para produzir esse material.

Discussão inócua
Toda vez que acontece uma tragédia como essa que custou a vida do jovem Rodrigo, gerente do Bradesco em Trairão, voltam as discussões pelas redes sociais sobre o que deve ser feito. Há opinião de tudo que é jeito, de gente que acha que a culpa toda é do governo, porque não investe tudo que deve na educação do povo, até quem defende que bandido bom é bandido morto.

De quem é a culpa?
O governo tem culpa, o Congresso tem culpa, a polícia tem culpa, o Judiciário tem culpa e a população tem culpa. É muito fácil apontar o dedo na direção do outro. Difícil é apontar para si, assumindo sua própria parcela de culpa. Achamos que somos um povo bom e ordeiro. Porém, uma pesquisa da ONU, de 2008, concluiu que somos um país racista, corrupto e violento.

Outra pesquisa do ano passado, também da ONU mostrou que por trás da fama de um povo bonzinho há uma nação se matando. Somos o 18º país mais violento do mundo entre quase 200 nações espalhadas pelo mundo. Esta semana, por ocasião da comemoração dos 25 anos do ECA, ficamos sabendo pelo UNICEF, que só ficamos atrás da Nigéria, no assassinato de crianças, adolescentes e jovens até os dezoito anos. Logo, está tudo errado por aqui. A começar pelo governo, até chegar a nós, o povo, pois só sabemos reclamar pelas esquinas e em mesa de bar.

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