quarta-feira, setembro 26, 2012

Povo educado sabe exigir seu direitos



           Jota Parente - A democracia está longe de ser um regime perfeito de governo. Talvez, um dos pontos que causam maior insatisfação seja o tratamento igualitário que é dado quanto aos direitos ao cidadão de bem e ao facínora, partindo do princípio de que todos são iguais perante a lei. Isso se acentua mais quando se tratam de bandidos de terno e gravata, normalmente, gente que teve acesso a boas escolas.
            Apesar de suas mazelas, a democracia continua sendo o melhor dos regimes, até que se invente outro mais completo. Os regimes totalitários da era moderna ruíram de podre por suprimirem o mais elementar dos direitos do ser humano, que é a liberdade. Muita gente morreu na tentativa de derrubá-los. Várias foram as tentativas e bilhões de dólares foram gastos pelos maiores países democráticos, sobretudo os Estados Unidos, tentando derrubar o comunismo. Mas, a força policialesca daqueles estados sempre suprimiu os levantes.
            Dois pontos nos quais os partidos comunistas sempre investiram pesado foi em educação e em esporte, esse último usado como matéria de propaganda, como aconteceu largamente com a extinta União Soviética e com Cuba. Obviamente, a propaganda oficial se encarregou, sempre, de fazer lavagem cerebral a partir de tenra idade da população demonizando a imagem dos países democráticos.
            Se os países comunistas investiam em educação por um lado, por outro apostavam na ignorância, à medida em que privavam seus cidadãos de conhecer a realidade dos considerados estados desafetos. A imprensa, sem exceção, era estatizada para evitar que a perda do controle da informação pudesse virar a cabeça do povo. Só se divulgava o que os donos do poder permitiam que fosse tornado público.
            Apesar de todos esses cuidados, foi o bom nível de educação do povo russo que impulsionou o fim do comunismo, pois a partir do momento em que não foi mais possível reprimir a entrada de informações do mundo inteiro, aquele povo julgou rapidamente que havia algo muito errado com seu país. Foi um pequeno buraco que se formou na represa, que deu margem ao desmoronamento do regime. E a mesma educação que foi motivo de grandes investimento dos governos comunistas, usada para sustentar o regime por algumas décadas contribuiu para sua derrocada.
            Aqui em casa, no Brasil, sobretudo em tempos de campanhas eleitorais, uma das palavras mais pronunciadas é educação, seja em reuniões nas portas dos eleitores, em comícios, nos programas eleitorais no Rádio e na TV ou nos debates. A abordagem desse tema costuma ser feita de forma genérica. O pior é que nós, eleitores, na maioria das vezes nem nos damos conta disso.
            Na edição passada, edição especial de aniversário de sete anos, o Jornal do Comércio destacou como notícia principal o baixo rendimento dos alunos de Itaituba na Prova Brasil, motivo de vergonha e preocupação, pois só não perdemos para Jacareacanga. E aí, depois disso, alguém viu algum dos candidatos falar de forma convincente, ou não, sobre esse assunto? Qual é a proposta deles para melhorar a educação neste município?
            O problema da educação no Brasil – e isso inclui Itaituba - não se refere ao montante de dinheiro que se destina para o setor, mas, ao modo como os recursos são aplicados. Além do problema da malversação de boa parte dessas verbas, existe a questão da aplicação errada. Mas, não termina por aí. Falta comprometimento de parte de professores e de pais de alunos. Professor tem que ganhar bem, mas, também precisa estar comprometido com o trabalho que faz. Chega dessa postura que muitos profissionais da educação adotam: o professor faz que ensina e o aluno faz que aprende.
Nesta eleição, quando um candidato qualquer bater à sua porta pedindo votos, pergunte qual é a proposta que ele e o grupo político que representa tem para melhorar a combalida educação deste município. Se ele não tiver uma resposta convincente, caia fora, escolha outro.
Até agora os candidatos a prefeito, em suas aparições no Horário Eleitoral Gratuito não mostraram nada que convença, concernente à educação, algo que se possa considerar como uma proposta coerente e factível. Se dependesse unicamente desse critério, eu estaria vivendo uma enorme dúvida sobre qual deles mereceria o meu voto, pois não aguento mais tantas propostas genéricas, maquiadas por marqueteiros, muitos dos quais vem de fora para impor suas ideias, absolutamente dissociados da realidade que vivemos.
A melhor forma de colaborarmos com a democracia é ampliando o acesso de todos à educação, como disse o jornalista paraense Elias Pinto. Parece simples e lógico, mas impraticável porque a ignorância é a principal matéria-prima para as eleições. Ao sistema, como diz Elias, é preferível um povo faminto e inculto porque, caso se rebele, fica mais fácil dominar. Um povo educado é capaz de se reunir aos milhares em praças para reivindicar, dentro das leis, os seus direitos negados. Povo ignorante costuma ser mais ordeiro, mais conformado com qualquer situação. Eu quero fazer parte de um povo educado, que não coloque a culpa por tudo de ruim que lhe acontece na vontade de Deus. E isso passa, necessariamente pela educação.

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