sábado, janeiro 28, 2006

Preconceito que mata

Frase: "O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer".
Albert Einstein


Pará x Amazônas
Ontem eu tratei do crime ocorrido há dois dias em Manaus, quando um homem matou outro por ter sido chamado de paraense, considerada ofensa suprema para muitos manauenses. Todo mundo um dose de culpa por lá. A imprensa é fundamental num momento como essa. Afinal de contas, nosso trabalho não é só dar notícia ruim. Temos o dever de contribuir para que os Animos se acalmem quando a situação chega a esse ponto e parece que os colegas do Amazônas não estão fazendo nada disso.

Não para entedem a falta de providências das autoridades, as maiores do estado vizinho, se o próprio governador é um paraense nascido em Santarém. Isso, mesmo. O sr. Eduardo Braga nasceu em Santarém, oriundo de uma família das mais tradicionais daquela cidade. O ex-governador Amazônino Mendes tem laços fortes com Santarém. Então, o que esse pessoal está fazendo que não toma providência.

O jornal Diário do Pará deu destaque a esse fato terrível, matéria que o blog reproduz. A matéria é longa, mas para aqueles que não tiveram oportunidade de se informar a respeito desse assunto, digo que vale a pena ler.


Preconceito contra paraense é histórico
Cientistas sociais e políticos avaliam e condenam a ação discriminatória de alguns amazonenses

Uma brincadeira de mau gosto e preconceituosa que há anos se instalou em Manaus provocou nesse fim de semana a sua primeira vítima fatal. O pedreiro Gilson Marquers Sales, 25, foi morto depois de chamar, de forma pejorativa, Aldemir Picanço de “paraense”. O “ofendido” respondeu ao “insulto” com quatro tiros, e a briga entre os dois amazonenses, noticiada pelos jornais A Crítica e Diário do Amazonas (reproduzidas pelo DIÀRIO), repercutiu ontem entre intelectuais e personalidades paraenses.

De acordo com o historiador José Alves, a hostilidade entre paraenses e amazonenses remonta ao tempo áureo da borracha, numa época em que a Capitania do Rio Negro (Amazonas) era subordinada à Capitania do Grão-Pará. A própria disputa pelo escoamento da borracha para os Estados Unidos e Europa, uma vez que Belém tinha um porto privilegiado, também motivou o acirramento dessa hostilidade. Segundo Alves, “o amazonense sempre sentiu-se em desvantagem”.

Sociologicamente, a rivalidades entre vizinhos é normal. Não que seja um sentimento positivo, como explica o cientista político Raul Navegantes. Segundo ele, antes, os amazonenses se sentiam inferiorizados diante dos paraenses. Com a expansão das estradas e a abertura da Zona Franca, Manaus se desenvolveu, cresceu, gerou oportunidades de emprego e os paraenses passaram a migrar para lá. “Para eles, nós somos migrantes. Da mesma forma que os portugueses, que chegaram ao país sem nada, e que sofrem com as piadas dos brasileiros. Somos vistos assim pelos amazonenses”, comenta.

“Gosto tanto do Pará que se me chamarem de paraense, eu dou um presente”, declarou o senador Arthur Virgílio(PSDB/AM), que disse conhecer um pouco do Pará, citando Alter do Chão e ilha do Marajó. “Somos os dois maiores estados da região amazônica e temos que nos unir para lutar pelo desenvolvimento regional”. Ele lamentou o fato ocorrido em seu estado. “Sou contra o bairrismo e conclamo a todos, especialmente, os formadores de opinião a desestimular essa briga”. Chocado com o ocorrido, o senador questiona o valor de uma vida humana, “que está reduzida a uma imbecilidade”.
O deputado paraense Arthur Tourinho (PMDB) lamenta e considera uma tristeza dividir o indivisível. “Temos que nos unir para lutar pelo bem comum e pelos interesses da região”, disse, atribuindo a culpa também ao Pará, pelo pouco que vem se fazendo por Belém e pelo estado. “O Amazonas cresce e o Pará diminui”, explicando que aqui no estado, se mostra muita propaganda e pouco se faz, principalmente, em educação, saúde e segurança.

Tourinho disse que não entende o porquê de tanta hostilidade. Lembrou que desde a década de 1970, quando assumiu um cargo no Basa e depois na superintendência da Sudam, teve a oportunidade de visitar Manaus com muita freqüência e sempre questionou esse tipo de preconceito, demonstrado por alguns manauenses.
A vereadora Suely Oliveira (PT) se sentiu chocada com a reportagem reproduzida ontem no DIÁRIO . Para ela, é um sintoma de que, infelizmente, o nosso estado passa uma imagem distorcida de que o Pará é campeão de violência, de impunidade e de maus políticos. “É uma situação desagradável, uma vez que somos conhecidos como um povo solidário e hospitaleiro. Acredito que esse preconceito é resultado da imagem distorcida do estado”.

Arcebispo condena qualquer discriminação

O arcebispo de Belém D. Orani Tempesta disse que, de forma geral, todo tipo de discriminação deve ser banida. “Seja discriminação à pessoa, à nacionalidade, aos católicos, através da internet, de meios de comunicação, enfim, são discriminações seríssimas porque não respeitam as pessoas como elas são”, comentou o arcebispo, que considera a necessidade de uma cultura de paz, o olhar o outro como irmão. “A cultura cristã tem esses aspectos que devem ser considerados e temos que usar a Internet e os meios de comunicação como instrumento para essa cultura.
O arcebispo lembrou a campanha da fraternidade deste ano, que será lançada na quaresma, com uma grande caminhada no percurso inverso do Círio e que tratará justamente da discriminação a que sofrem os portadores de deficiência. “Levanta-te vem para o meio”, será o lema. “Nascemos numa cultura cristã e não devemos mostrar o contrário”.

Juiz - O juiz trabalhista Vicente Malheiros sentiu na pele esse preconceito contra paraenses no Amazonas. O que, segundo ele, ocorre em todos os níveis. “E isso não é de agora. Eu mesmo, enquanto juiz do trabalho, em Manaus, no início da década de 80, sofri esse tipo de discriminação, juntamente com outros colegas paraenses”. Segundo o magistrado, o caso foi parar no TST, onde ele obteve ganho de causa em mandado de segurança para desfazer arbitrariedade que ali sofreu no exercício da judicatura.

“Tive de submeter-me a novo concurso público para reiniciar a carreira na magistratura trabalhista em Belém, com graves prejuízos funcionais, materiais e morais. Outro colega também saiu de lá e fez novo concurso para o TRT de São Paulo”. O magistrado considera tão absurdo esse procedimento que ainda tem vontade de escrever um livro para narrar os inacreditáveis acontecimentos. “Vejo com tristeza que o preconceito continua e já está provocando vítimas fatais, conforme notícia da imprensa”, lamenta. “Afinal, somos todos amazônidas e brasileiros”.

FACISMO - Para a advogada Mary Cohen, membro da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, as pessoas que praticam esse tipo de crime e discriminação podem ser classificadas como a facção neo-nazista dos skinheads. Para ela, o preconceito se define como uma intolerância com aquilo que não é igual. Sentimento grande de inferioridade do agressor. “Ele tenta mostrar uma superioridade para esconder o seu sentimento de inferioridade e, para isso, precisa massacrar”, explica Mary.

“Esse preconceito do amazonense com relação ao paraense retrata bem esse cenário, pois verdadeiro é fato de todos (paraenses e amazonenses) temos problemas em comum que precisam ser solucionados e deveríamos, ao invés de cultivar esses sentimentos negativos, nos unir para superar os graves problemas que nos afligem”. Ela cita a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 1º, e a Constituição Federal , em seu artigo 5º, que preconiza que todos são iguais em direitos e dignidade.

A rixa entre amazonenses e paraenses ganha terreno fértil na internet. Várias comunidades no site de relacionamento Orkut trazem conteúdo ofensivo dos dois lados, tanto contra paraenses quanto contra os amazonenses..

Editorial

Preconceito e intolerância são sentimentos injustificáveis em qualquer circunstância. Infelizmente, florescem em qualquer parte do planeta, seja na Alemanha nazista, na conturbada Faixa de Gaza ou em pleno coração da Amazônia. Onde houver gente sempre haverá espaço para pensamentos divergentes, maneiras distintas de entender o mundo, conduzindo às vezes a comportamentos discriminatórios de conseqüências imprevisíveis.
No Brasil, são notórias algumas posições preconceituosas no eixo Sul-Sudeste contra pessoas de origem nortista e nordestina. Práticas deploráveis, que perdem sentido num país multirracial, miscigenado por natureza e origem, cantado em prosa e verso como pátria da convivência pacífica entre irmãos.
Nesta semana, um homicídio na periferia de Manaus trouxe à tona a crescente onda de preconceito contra nativos do Pará que moram no Estado do Amazonas. A “ofensa” de ser chamado de paraense fez um homem a matar outro, atestando que o fenômeno já adquire contornos de descontrole.
Reportagens e editoriais da imprensa amazonense tentam analisar o fato e atestam que “há algum tempo instala-se no Amazonas um ressentimento discriminatório contra os paraenses”, como bem menciona o jornal Diário do Amazonas. O episódio é prova de que se fortalece um inusitado sentimento discriminatório contra cidadãos nascidos no Pará, manifestando-se - em sua face mais amena - através de apelidos, xingamentos e gozações de rua.

Nos anos 50 e 60, um certo bairrismo chegou a ser alimentado em embates esportivos entre as seleções estaduais. Disputas entre os times de Remo e Paissandu contra os rivais amazonenses Nacional e Rio Negro ainda sustentaram a rivalidade até o começo da década de 70. Esse clima foi arrefecendo nos anos seguintes até sumir por completo.

Como veículo de comunicação a serviço da população paraense, o DIÁRIO DO PARÁ não poderia se furtar a manifestar posição de firme repúdio a todo ato que configure discriminação ou preconceito de qualquer espécie, seja contra paraenses, amazonenses ou pessoas de qualquer outra região ou país.

As diferenças devem ser motivo de orgulho, jamais pretexto para o menosprezo ou o ódio. Precisamos de um mundo unificado em torno de compromissos com a paz e a tolerância. Essa intenção tem alcance mundial, mas, para ser realmente forte, precisa ser construída a partir de nossas casas, bairros e cidades. Não se pode permitir que grupos minoritários plantem a semente do racismo e da intolerância na região mais cobiçada e admirada do planeta. Resistir é o primeiro passo.

Rosângela Gusmão

Essa é boa!
O Liberal

Padre poderá ser condenado na Itália por dizer que Jesus existiu Tamanho do Texto

VITERBO, ITÁLIA (Agência Estado/AP) - Um juiz italiano começou a ouvir ontem os argumentos dos advogados num caso que pode levar a julgamento um padre de uma pequena paróquia por ter garantido que Jesus Cristo existiu. O acusador do padre, um ateu, diz que a Igreja Católica está enganando as pessoas há 2.000 anos com a fábula de que Jesus existiu e acusou o padre de violar duas leis ao transmitir a notícia.

Advogados do padre Enrico Righi, e de seu acusador, Luigi Cascioli, apresentaram seus argumentos perante o juiz Gaetano Mautone. A expectativa é de que o juiz anuncie seu veredicto na segunda-feira. Cascioli entrou com uma ação criminal contra Righi, seu antigo colega de escola, em 2002 depois que o padre escreveu num boletim da paróquia que Jesus verdadeiramente existiu, e que nasceu do casal Maria e José em Belém, e que viveu em Nazaré.

Cascioli alega que a afirmação de Righi viola duas leis: a chamada “abuso de crença popular” na qual alguém engana fraudulentamente as pessoas; e “personificação”, quando alguém obtém ganhos atribuindo um falso nome a alguém.

“O ponto (da audiência de hoje) não é estabelecer se Jesus existiu ou não, mas se existe a questão de uma possível fraude,” explicou o advogado de Cascioli, Mauro Fonzo. Para Cascioli, a Igreja tem tido ganhos financeiros por “personificar” como Jesus um homem com o nome de João de Gamala, filho de Judas de Gamala. Se perder, promete levar o caso à Corte Européia dos Direitos Humanos.

Lula seduz governadores Tamanho do Texto
Presidente do PMDB fala de “sedução incabível” junto a membros de seu partido, que deverá ter candidato próprio nas eleições presidenciais de outubro próximo

SÃO PAULO (Agências Estado) - O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), criticou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por dizer a aliados que precisa buscar o apoio de governadores do partido para a campanha à reeleição. “O presidente deve cuidar do seu quintal e, como presidente, dar um exemplo de integridade dos partidos e não interferir nas legendas”, afirmou Temer. “Ele já tem problemas demais a resolver”,
acrescentou.

Temer disse considerar que o presidente pode conversar com aliados sobre alianças para as eleições de 2006. No entanto, lembrou que o partido tomou a decisão de ter candidato próprio à presidência. “É uma sedução incabível”, afirmou o presidente da legenda.

De acordo com aliados, o presidente ouviu de peemedebistas que o cenário político atual, apontado nas últimas pesquisas de opinião - com Lula e o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB) empatados - indica a impossibilidade de o PMDB quebrar a polarização ente o PT e o PSDB.

Dessa forma, Lula poderia aproveitar o possível abandono do candidato peemedebista na reta final das eleições e buscar o apoio dos governadores do partido.

“Eu já esperava por isso (a tentativa de aproximação de Lula dos governadores), mas ainda não tinha a informação. Até o presente momento, os governadores dizem que acompanharão os candidatos do PMDB”, concluiu Temer.

Verticalização - “Particularmente, nunca vi vantagem na verticalização.” A análise foi feita ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao analisar a derrubada, em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, da obrigatoriedade da vinculação das alianças nos Estados da mesma forma da disputa presidencial, nas eleições. Lula ressaltou, porém, que a queda da verticalização não agradava a ele, mas que, na visão dele, é importante que o formato das coligações partidárias seja firmado sem a imposição de uma legislação.

“Aliança política não é bigamia. Ou seja, se as pessoas quiserem apoiar, apóiem”, opinou. “Vamos deixar as pessoas livres para escolher.” Ele insistiu que adotou uma postura de franqueza na relação com os partidos que constituem a base aliada e que isso sobrepõe, para ele, até mesmo a lei.

“Se a gente vai fazer um acordo político com alguém, é muito melhor uma decisão política e as pessoas cumprirem, do que um protocolo e as pessoas não cumprirem”, afirmou. “Já vi muitos presidentes da República serem candidatos com muitos partidos apoiando e terem só 2% ou 3% dos votos. Acho que isto (verticalização) não vale muito ser levado em conta”, afirmou.

Meu comentário: Não votei no Lula. Por isso fico muito à vontade para falar.
Esse Micher Temer é um brincalhão. Que coerência tem ele para cobrar alguma coisa de alguém? Assim como o PMDB, ele age de acordo com as conviniências do seu partido e as suas. Alías, o PMDB é hoje um arremedo do partido que ajudou a reconduzir o País à Democracia. Bons tempos os de Ulisses Guimarães, Mário Covas, Tancredo Neves, Franco Montoro. Resta muito pouco daquela época. Pedro Simon é uma dessas excessões.


Balsa que faz a travessia do Rio Tapajós entre a cidade de Itaituba e o distrito de Miritituba

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