A
cada 113 minutos - ou seja, menos de duas horas –, uma pessoa é assassinada no
Pará. É o que se pode constatar diante dos números do Sistema Integrado de
Segurança Pública (Sisp), que indicam que em janeiro e fevereiro deste ano
foram registrados 767 assassinatos em território paraense. São quase 13 (12,78)
mortes violentas por dia no Estado, onde, ao que parece, a vida está
banalizada. No ano passado, 4.196 foram vítimas de morte violenta no Pará,
segundo o Sisp.
Nos
últimos homicídios registrados na Região Metropolitana de Belém, o que mais tem
se observado é que a maioria destes casos consiste em execuções sumárias. Em
outras palavras, grande parte dos assassinatos registrados no Pará e em Belém
corresponde a crimes por encomenda.
Assassinatos
premeditados, nos quais as vítimas já estavam marcadas para morrer.
E
os prováveis motivos também são comuns entre as ocorrências: acerto de contas,
vingança. O tráfico de drogas é sempre o centro destas ocorrências violentas.
Um exemplo destas mortes premeditadas foi a do Edielson Carvalho dos Santos, de
26 anos, no último dia 18, em Ananindeua.
Ele tinha acabado de deixar o Fórum Criminal,
onde assinou o Termo de Compromisso da Liberdade Provisória, e foi abordado na
parada de ônibus por 2 homens armados, que o alvejaram com 7 tiros. A vítima
respondia a vários processos, entre eles pelo homicídio de um policial militar
em novembro de 2015.
A história da morte de Edielson mostra que os
assassinos apenas esperavam pela saída dele do sistema penal. Seis dias após
deixar a Central de Triagem da Cidade Nova, onde estava preso, foi executado.
Testemunhas disseram que os atiradores pediram
para as pessoas que estavam na parada de ônibus arredarem e ficaram frente a
frente com a vítima, o que leva a acreditar que eles sabiam onde e em que
horário a vítima estaria. Aparentemente, não podiam esperar mais para executar
o crime, que está sendo investigado pela Polícia Civil.
Na última quinta-feira, 20, o cobrador de
ônibus Antônio Guilherme Santos da Silva, 46 anos, foi assassinado a tiros no
Curuçambá, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. A Polícia investiga o
caso como se tratando de execução, pois nenhum pertence da vítima foi roubado.
Uma
testemunha alega que os suspeitos aguardavam a vítima passar pelo local do
crime para atirarem.
Também
nas últimas semanas, o Pará foi destaque nacional com o assassinato de Andreza
Ariani Castro, a “Senhorita. Andreza”, 22, no bairro da Cabanagem, limite entre
os municípios de Belém e Ananindeua. O caso segue sob investigação e até agora
ninguém foi preso. As características do crime apontam para uma provável
execução.
Segurança pública do Pará está na UTI,diz
deputado
A fama de ser “terra sem lei” nunca coube tão
perfeitamente no Estado do Pará como agora. Esta colocação foi reforçada pelo
deputado estadual Lélio Costa (PC do B), na Assembleia Legislativa, no decorrer
desta semana. Para ele, líder do partido que tinha como filiada a “Senhorita
Andreza”, o crescimento da violência colocou a Segurança Pública do Estado numa
espécie de UTI, na qual quem está agonizando e morrendo é a população,
sobretudo a população de baixa renda, que vive nas áreas de vulnerabilidade
social, onde o tráfico de drogas é intenso.
“Não conseguimos enxergar, no horizonte, a
perspectiva de que os problemas serão solucionados. Pelo contrário, a
inoperância do poder público é visível, os problemas não são efetivamente
enfrentados”, frisou Lélio. “Assistimos com perplexidade a Semana Santa se
transformar em semana sangrenta no Estado do Pará. Assaltos com reféns;
latrocínios; execuções; carro prata executando jovens na periferia; policiais
sendo mortos; uma realidade que já faz parte da nossa rotina”, colocou o
parlamentar, que completou que este banho de sangue acontece sob o “silêncio
cúmplice do Estado”.
“Estamos largados à própria sorte”, desfechou o
deputado Lélio Costa, que lamentou o fato de o Governo do Estado insistir num
modelo ultrapassado de Segurança Pública. Um sistema que, segundo ele, está
falido e incapaz de resolver os problemas da sociedade paraense.
(Denilson D'Almeida/Diário do Pará)
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