Elio Gaspari, O Globo
O
advogado Francisco Zavascki, filho de Teori, tem toda razão: “Seria muito ruim
para o país ter um ministro do Supremo assassinado”. Ele pede que se investigue
o caso “a fundo” para saber “se foi acidente, ou não”.
Não
é só Zavascki quem levanta essa questão, ela está na cabeça de milhões de
brasileiros. Nada a ver com teoria da conspiração, trata-se de dúvida mesmo.
A
linha que separa esses dois sentimentos é tênue, e a melhor maneira para se
lidar com o problema é a investigação radical.
Um dos mais famosos assassinatos de todos os
tempos, o do presidente John Kennedy, em 1963, foi investigado por uma comissão
presidencial de sete notáveis que produziu um relatório de 888 páginas. Até
hoje, metade dos americanos não acredita na sua conclusão, de que Lee Oswald,
sozinho, deu os tiros que mataram o presidente. Mesmo assim, rebatê-la exige
esforço e conhecimento.
O
presidente Michel Temer poderia criar uma comissão presidencial para investigar
a morte do ministro Teori. Desde o momento em que o avião caiu n’água, ocorreu
pelo menos o desnecessário episódio da demora na identificação dos passageiros.
Pelos
seus antecedentes e pelas circunstâncias, a tragédia de Paraty ficará como um
dos grandes mistérios na galeria de mortes suspeitas da política brasileira.
Aqui
vão os principais nomes dessa galeria, divididos em três grupos: o de alto,
médio e baixo ceticismo.
Alto ceticismo:
O desastre automobilístico que matou Juscelino
Kubitschek em 1976 não teve influência de estranhos à cena.
Médio ceticismo:
Em 2014 o jatinho de Eduardo Campos caiu porque
houve um erro do piloto. Só isso.
Tancredo
Neves morreu em 1985 porque não se cuidou e foi tratado de forma incompetente e
mentirosa, mas não houve ação criminosa.
Em
1967 o aviãozinho em que viajava o marechal Castello Branco entrou
inadvertidamente numa área em que voavam jatos da FAB, foi atingido por um
deles e espatifou- se na caatinga. Nada além disso.
Baixo ceticismo:
Ulysses Guimarães voava nas cercanias de Paraty
durante uma tempestade, e o helicóptero caiu n’água.
Jango
sofreu seu último enfarte enquanto dormia em sua fazenda, na Argentina. Morreu
porque era um cardiopata.
A
classificação, subjetiva, é do signatário, que não crê em quaisquer versões
revisionistas. Quem quiser pode mudá-la, ao próprio gosto.
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