Dada a relevância de mais essa denúncia, essa bem recente, repercuto-a para que esse grito dos que tem coragem de dizer o que está acontecendo de ruim com o rio Tapajós, contraponha-se ao silêncio da mídia tradicional da nossa região, que como diz o texto a seguir, é ensurdecedor.
Essa é uma questão que não merece qualquer tipo de discussão em Itaituba, uma sociedade que em muitos aspectos, continua agindo como nos velhos tempos do auge do garimpo. O que interessa é somente quanto se vai ganhar. O que vai acontecer com o meio ambiente, isso não é problema de Itaituba, mesmo que esteja acontecendo bem ali, dentro dos limites deste município. É assim que temos agido ao longo de pelo menos as três últimas décadas.
Mas, esperar o que de uma sociedade, que de organizada nada tem. Costumo dizer que vivemos, em Itaituba, em uma sociedade desorganizada, que não consegue se unir, nem tampouco se organizar, nem mesmo quando o assunto é o iminente crescimento desenfreado da população da sede do município, quando bater à porta a obra da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, com impactos sociais imprevisíveis.
Quanto ao rio Tapajós, ah, não temos tempo para olhar para ele, para a mudança da coloração de suas águas, porque estamos muito ocupados com outras coisas mais importantes. Os nossos filhos, os nossos netos, que se virem quando chegar o tempo deles.
É assim que Itaituba age. Mas, e Santarém, com suas belas praias? Acho que não fica no Tapajós, porque à exceção do Padre Edilberto Sena, de Manuel Dutra e de mais uma meia dúzia, quase ninguém mais parece preocupado com a destruição do nosso rio. Inclusive o prefeito Alexandre Von, a quem muito será cobrado pela omissão.
A prefeita Eliene Nunes, de Itaituba, assim como seu colega Von, parece que anda muito ocupada para se preocupar com o que está ocorrendo com rio Tapajós, porque de sua boca não se ouve uma só palavra a respeito do assunto.
Jota Parente
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A lama
desce veloz rumo à foz do mais belo rio e das mais belas e quilométricas praias
brancas da Amazônia. O Tapajós está se transformando num imenso esgoto de mais
de 400 quilômetros de extensão. Na frente de Itaituba, distante 250 km de
Santarém em linha reta, o rio já é um lamaçal, como mostram estas fotos. Há
menos de 30 anos isso aconteceu, e o desastre monumental só foi atenuado por
causa da queda brusca dos preços do ouro no mercado internacional naquela
época. Veja nas fotos a diferença da coloração das águas do mesmo rio. Dentro
de pouco tempo, se nada for feito, o famosíssimo encontro das águas vai
desaparecer, pois o Tapajós estará da mesma cor do Amazonas.
O Rio Tapajós em frente a Itaituba hoje ao meio-dia (Foto: historiador Padre Sidney Canto) |
O Tapajós em Alter do Chão ainda está assim, como mostra a foto. Até quando? (Foto: Manuel Dutra) |
Dentro de três
semanas completará um ano que um grupo de pessoas de Santarém e Belém deu
início a uma série de pedidos ao governo do Estado para que mandasse realizar,
de imediato, pesquisas a fim de determinar os níveis de contaminação química e
de poluição por barro do Rio Tapajós, em consequência da atividade garimpeira
ilegal que se processa no curso médio do rio. O governador Simão Jatene, a quem
enviamos uma carta-petição pública solicitando a medida, nunca respondeu. O
resultado está aí, nestas fotos, duas feitas hoje pelo historiador Padre Sidney
Canto e duas feitas por mim, na cheia de 2013
Frente de Itaituba hoje ao meio-dia |
Alter do Chão: até quando estes trabalhadores terão turistas para transportar rumo às praias brancas e limpas? |
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