sexta-feira, novembro 28, 2014

São Luiz: a comunidade precisa puxar a resistência

A comunidade de São Luiz do Tapajós, no período áureo da extração de látex, teve importância estratégica como entreposto comercial, pois era em São Luiz que ficava o escritório da firma Arruda Pinto que comprava toda a produção de borracha dos seringueiros que vinha do alto Tapajós.

Nessa época, os moradores da Vila de São Luiz desfrutavam de uma condição financeira melhor que a população de Itaituba, mas com o declínio desse comércio, a comunidade também foi perdendo a sua importância, e consequentemente, sendo abandonada.

A vila de São Luiz passou a ser um ponto esquecido na margem do rio onde os seus moradores vivem até hoje, sem os serviços básicos de saúde e educação que permitissem a permanência dos jovens na comunidade. Agora, a decisão do governo federal de construir essa hidrelétrica, São Luiz do Tapajós voltou a ficar em evidencia. 

Os movimentos de resistência à construção da hidrelétrica escolheram a comunidade para realizar o primeiro grande ato público de protesto contra esse projeto do governo.

A coordenação do movimento estima que cerca de mil pessoas participem dessa manifestação. O protesto vai ter grande visibilidade na mídia, inclusive fora do País, mas e depois, quem ficará na comunidade para continuar esse trabalho de mobilização?

A resistência precisa ser puxada pela própria comunidade que é quem sofreará as maiores conseqüências, mas para lutar contra esses projetos, as comunidades precisam de informação.

Ninguém se engaja num movimento sem ter a convicção do que está fazendo, e nesse ponto, os governos dos municípios afetados estão completamente omissos, e é por causa da desinformação, que há muitos moradores dessas comunidades acreditando nas promessas do governo. O risco dessa omissão, é que se repita aqui no Tapajós, o que está acontecendo hoje na região do Xingu.

Weliton Lima, jornalista

Comentário feito no telejornal Focalizando, quinta, 27/11/2014

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