quinta-feira, setembro 18, 2014

*Já perguntou se seu candidato é favor de uma reforma política?

Os impostos que todos pagam merecem ser bem administrados. Bons políticos não vem do nada, nem caem do Céu. Para que existam bons políticos para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos tradicionais tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situação atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados. E somente uma grande reforma política pode mudar o quadro atual.
Do jeito que é atualmente, a cada nova eleição o cidadão é convidado, ou obrigado, já que o voto é obrigatório no Brasil, para legitimar a continuação da bandalheira que virou uma instituição neste país. O brasileiro precisa entender que a máquina chamada Brasil para sem ele. Nós somos o combustível que mantem acesa a chama da corrupção, na medida em que recolhemos os nossos tributos, mas, não cobramos daqueles que elegemos com a finalidade de fiscalizar o governo. Elegemos vereadores, deputados estaduais e deputados estaduais, os quais depois que se veem de posse de seus mandatos, só voltam a lembrar que são empregados do povo, quando chega a hora de tentar se manter no cargo.
Mesmo reconhecendo o avanço da politização do povo brasileiro nas décadas recentes, o contingente dos alienados e analfabetos políticos é imenso. Tem um monte de gente que diz que não suporta política, e que só vota por que é obrigado por lei. Aqui mesmo em Itaituba é muito grande a quantidade de pessoas que agem dessa maneira votando em qualquer um, ou vendendo o voto. Como voto tem consequência, o resultado disso é que esse tipo de eleitor não tem para quem reclamar depois, e termina prejudicado a todos.
Como escrevi anteriormente, cresci em um meio onde se respirava política. Mas, passados 63 anos de minha vida, considero-me um cidadão descrente dessa velha prática política brasileira, onde os vícios só fazem se renovar com o passar dos tempos. Os políticos novos que se elegem, grande parte adquire os velhos hábitos que combatemos há muito tempo.
Eu sei que existem bons políticos, e poderia enumerar muitos deles. Alguns conseguem sobreviver ao sistema e embora não consigam mudar os rumos da política como a gente gostaria, sobressaem-se por serem corajosos e boa parte deles alia isso a uma boa oratória que ajuda muito. Mas, os maus continuam ocupando muito mais espaço nas manchetes da imprensa.
Como disse o cientista político Thomas Skidmore, o problema do Brasil é um sistema político permissivo que manipula um sistema administrativo ultrapassado. E a esse respeito, nossos políticos são extremamente conservadores, pois tem calafrios quando se fala em mudar o sistema. Ninguém quer correr o risco de perder as benesses do poder. E o cidadão brasileiro, quase não se dá conta disso. O sistema engole os políticos bonzinhos. Os bons se sobressaem, mas, aqueles que chegam cheios de boas intenções, porém, sem firmeza de propósito, ou desaparecem do cenário e viram políticos de um mandato só, ou são tragados pelo sistema, entrando no jogo.
Vai chegar o dia em que será inevitável a adoção do voto distrital, mesmo que seja o misto, que parece ser o mais adequado para um país como o nosso. Nesse sistema, há mais justiça na divisão das cadeiras do parlamento, pois um candidato a deputado distrital não pode sair de seu distrito para pedir votos em outro. Quem for eleito terá que mostrar trabalho, sob pena de ter sua reeleição dificultada. Em vez de apenas tomar a benção para o chefe do Executivo, o deputado distrital terá que tomar a benção de seus eleitores.
No atual sistema eleitoral brasileiro, que os políticos não demonstram intenção de mudar em curto prazo, a maioria dos parlamentares, em todos os níveis, mais parecem empregados do Executivo, do que representantes do povo, pois é ao Executivo que vivem simbioticamente ligados. Isso acontece em Itaituba, onde desde que aqui cheguei, o que tenho testemunhado é a subserviência do Legislativo ao Executivo. Muda o nome do prefeito, mudam os nomes dos vereadores, mas, os vícios continuam os mesmos, antes e agora.
O mesmo se dá na ALEPA, onde quase todos os governadores das últimas décadas governaram com folgada maioria a preço de conchavos políticos. Até em Brasília a relação de grande parte dos parlamentares com o Executivo vai de encontro aos interesses de quem os elegeu, porque os ministérios e toda sorte de outros órgãos são fatiados entre os partidos que se dispõem a apoiar o presidente.
Então, existe algo muito podre neste reino, quando se trata do sistema político brasileiro, que causa problemas gigantescos ao país, capazes de emperrar a máquina chamada Brasil, uma locomotiva que puxa os pesados vagões de uma burocracia infernal, que incentiva a corrupção, que ameaça a continuação da viagem rumo ao verdadeiro desenvolvimento, porque o peso vai além de suas forças.

*Artigo de Jota Parente, na edição 186 do Jornal do Comércio, que está circulando

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