quarta-feira, setembro 26, 2012

Não abandone os verdadeiros amigos



               Marilene Parente - Conta a lenda, que havia um homem muito bom, que certo dia resolveu fazer uma longa viagem, saindo do lugar onde morava para um local muito distante. Ele pegou seu cavalo e seu cachorro e saiu rumo ao seu destino, numa bela manhã ensolarada. O homem seguiu em frente sem parar, mesmo porque se tratava de lugar deserto de moradores.
            Depois de meio-dia, cansados, tanto ele, quanto seu cavalo e seu cachorro, eles não aguentavam mais de tanta sede. E não aparecia uma só nascente onde eles pudessem saciar-se, até o momento em que o homem viu um portão bonito bem distante de onde estava. Continuou caminhando até aproximar-se bastante daquele portão imponente, que por trás escondia uma bela casa.
            De cara o homem observou que se tratava de uma propriedade de alguém que tinha muitas posses. Viu, também, que água não era problema naquele local, pois havia algumas nascentes à vista. Aqui eu e meus amigos (cavalo e cachorro) vamos poder matar a sede, pensou ele, que se dirigiu a uma pessoa que parecia ser o responsável pela mansão, na expectativa de resolver o seu problema.
            Moço, disse o homem, eu e meus amigos podemos beber um pouco da sua água? O estranho respondeu: você pode tomar quanta água quiser, pode tomar banho e se tiver onde guardar, pode até levar água para seguir sua viagem. Todavia, seus animais não poderão beber, pois aqui não permitimos que qualquer tipo de animal utilize nossa água. Infelizmente não posso atender o seu pedido.

            Triste, o homem agradeceu e se despediu, dizendo que, se seus amigos não podiam beber daquela água, ele também não podia. Mas, depois de caminhar alguns metros resolveu perguntar para o administrador da mansão, que lugar era aquele. Aqui é o Céu, respondeu o outro. Disse muito obrigado e foi em frente, com a garganta seca, assim como seus dois amigos.
            Continuou caminhando por mais algum tempo. E sede apertava cada vez mais. Perto do final da tarde ele avistou uma propriedade que parecia de longe ser muito simples. Caminhou até lá, onde encontrou um homem muito simpático, que o recebeu com alegria, perguntando se poderia ajuda-lo. Quem sabe o senhor pode, sim ajudar-me, disse o caminhante. Eu e meus dois amigos estamos para morrer de sede, já não temos mais forças para continuar caminhando, de tanta sede.
            O anfitrião pediu que o homem o seguisse, levando-o até uma fonte de água pura. Pronto, aqui está o que o senhor procura. Pode matar sua sede e de seus dois amigos de viagem, à vontade. Pode tomar banho e usar a água da maneira que quiser, falou o responsável pelo local, que ainda fraqueou sua casa para que lá o viajante dormisse e seguisse viagem de manhã, informando que a próxima casa ficava muito longe dali.
            Ele dormiu, descansou bem, assim como seus dois animais, que também foram bem acomodados em lugar apropriado. De manhã, depois do café, preparou-se para prosseguir sua longa na jornada. Na hora que já ia partindo lembrou-se de perguntar para o gentil ser humano que o recebera tão bem, que lugar era aquele. Aqui é o Céu, respondeu o outro.
            Intrigado com a resposta o caminhante disse: mas, eu parei num lugar suntuoso, onde o responsável disse que somente eu poderia tomar água. Não tomei, porque ele não permitiu que meus amigos saciassem sua sede. Aqui, o senhor me deixou beber água à vontade, assim como meus amigos. Vocês precisam fazer alguma coisa para evitar que aquele homem continue dizendo que lá é o Céu, quando na verdade é aqui.
            Não se preocupe, meu amigo. Nós sabemos disso. Acontece que lá só ficam aqueles que abandonam os seus amigos diante da primeira dificuldade. Aqueles que são leais, os que jamais deixam seus verdadeiros amigos, enfrentando os problemas juntos, esses vem para cá. Foi por isso que você veio parar aqui.
            Essa historinha que tem muito a nos ensinar, encontra-se no livro Verônica decide morrer, do escritor brasileiro, Paulo Coelho. Quando a li pela primeira vez, confesso que me emocionei, pois ela encerra uma grande lição, sendo digna de uma boa reflexão sobre o comportamento de cada um quando se trata de lealdade aos verdadeiros amigos.
            Muitos valores morais foram vilipendiados nas últimas décadas. Já não se valoriza a palavra dada e, quantas vezes os amigos são abandonados quando aparece uma oportunidade de lhe passar a perna. Portanto, pensemos na mensagem dessa história e valorizemos mais os nossos verdadeiros amigos.

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