quarta-feira, fevereiro 20, 2008

No JC


Alguns destaques da edição 58 do Jornal do Comércio


Situação do lixão está cada vez pior


O problema do lixão localizado na comunidade São João Batista, mais conhecida como Curral Redondo, parece não ter fim. Em vez de a Prefeitura encontrar uma solução, só tem contribuído para piorar a situação. Em janeiro de 2006, quando a reportagem do Jornal do Comércio esteve no lixão para fazer uma matéria que denunciou a gravidade do problema, não era depositado lixo hospitalar no local; agora isso também acontece, e muito perto de uma nascente de água. Além do perigo da contaminação da mesma, há o risco de ser contaminado, também o lençol freático.

O Jornal do Comércio voltou ao lixão do Curral Redondo para verificar se tinha acontecido alguma evolução. Infelizmente não houve. Prossegue a contaminação de três mananciais que deveriam servir para suprir as necessidades de água da comunidade e de outras por onde passam; alguns catadores continuam tirando de lá o seu sustento, colocando em risco a própria saúde. Desde que a última reportagem foi feita, três pessoas que trabalhavam catando lixo no local morreram. Enquanto a reportagem estava no local, dois carros da Clean Service, empresa que faz a coleta de lixo domiciliar e hospitalar (o Hospital Municipal) chegaram para depositar mais duas carradas de lixo.


Neiva Oliveira Lima é vice-presidente da associação comunitária. Ela, o marido Ribamar e outras pessoas da comunidade travam uma luta incansável para que o lixão seja desativado de uma vez por todas. Houve avanços no aspecto burocrático, entende ela. "Eu acredito que avançou em termos de que hoje nós temos um documento que define que mais cedo ou mais tarde vai ter que sair de lá. Contudo, quanto à sensibilidade que deveria haver de parte da Prefeitura para não contaminar a comunidade, isso não mudou em nada. Nós temos documentos protocolados no Fórum, documentos enviados à Sectam, de Belém, a qual já mandou dois técnicos de lá para fazerem o levantamento do problema. Isso é o que reforça o ânimo da comunidade no sentido de que um dia nós vamos conseguir".


A vice-presidente diz que, no aspecto legal, andou um pouco, mas, retrocedeu-se quanto a uma solução prática, pois agora até lixo hospitalar está sendo depositado. "Realmente, agora tem a depositação de lixo hospitalar, que fica a uma distância de mais ou menos 50 metros de uma nascente de água que as pessoas usam para suas necessidades. Isso é muito triste. E como o espaço está pequeno, eles começaram a derrubar mangueiras para espalhar lixo, jogando, também, nas vicinais que dão acesso aos terrenos da comunidade. É uma complicação porque nós não temos um apoio em Itaituba, uma vez que a Prefeitura, que era quem deveria dar bom exemplo, toma esse tipo de atitude. Como nós vamos ficar? Antes o lixo hospitalar era jogado a céu aberto. Há algum tempo passou a ser enterrado numa vala profunda, o que só piora a situação porque contamina mais ainda as nascentes e o lençol freático".


José Ribamar Silva é membro da associação comunitária São João Batista e outro guerreiro em favor da desativação completa do lixão. Ele ressalta que, além de todos os problemas já existentes, a Secretaria Municipal de Mineração e Meio Ambiente ainda contribuiu para o que parecia impossível: piorar a situação.


Contribuição da SEMMA
"Para acabar de completar ainda tem esse depósito de fezes em que se transformou o local, onde se jogam mais de 30 toneladas de fezes retiradas de fossas por uma empresa, que joga no alto e que vai direto para o Igarapé Passa Tudo, o qual deságua no Igarapé Bom Jardim, que por sua vez joga no Rio Tapajós, descendo pela frente da cidade, perto de onde a Cosanpa faz a captação da água que vai para as nossas casas. Inclusive, a SEMMA deu a licença para uma empresa, que nem tem permissão para fazer esse tipo de trabalho. É uma firma (J. F. GASPAR, nome de fantasia LUMI ARTES), que deveria trabalhar design, agenciamento de profissionais para atividades esportivas, culturais e artísticas, menos com limpeza de fossas."


No dia 25 de outubro de 2007 a SEMMA concedeu licença assinada pela secretária Maria Jandira Rodrigues de Carvalho, autorizando a referida empresa, em caráter de urgência, a depositar dejetos humanos naquele local, somente até o dia 2 de novembro do ano passado. Porém, Ribamar informou ao Jornal do Comércio que a tal data limite vem sendo completamente ignorada pela empresa e que muitos carros-tanques usados na limpeza de fossas, lotados de fezes, continuam sendo lá depositados.


"Apesar de tudo, temos conseguido avançar. O estágio atual é bom. Já passamos por três questões no fórum, tendo ganhado as três; agora encontra-se em fase final no Tribunal de Justiça do Estado, à espera que o desembargador designado dê a sentença final, que esperamos que nos seja favorável. Aqui, o prefeito leva do jeito dele, não dando muita atenção para o caso, que é sério, que está afetando a comunidade, fazendas vizinhas, escola da comunidade, igarapés que passam perto. O que o prefeito diz é que não tem dinheiro para aquisição de um terreno. A Prefeitura pediu um ano de prazo para que pudesse colocar o valor no orçamento. Foi colocado e cadê o dinheiro destinado para esse novo depósito? Lá onde está não podemos mais aceitar isso. As águas das nascentes estão contaminadas, o lençol freático já foi atingido e o dano ambiental é muito grande. A Prefeitura, que deveria combater a degradação do meio ambiente, é quem mais degrada", disse Ribamar.


O presidente da associação comunitária, Raimundo Altino Pinheiro, é outro que vem se batendo há tempo para que o lixão seja retirado do Curral Redondo. Ele pára direto na comunidade e por isso mesmo, sente-se até mais afetado do que alguns que só vão por lá esporadicamente. Contudo, tem sido fundamental e decisiva a participação de pessoas como Neiva e Ribamar, que possuem terreno na comunidade, mas vivem na cidade porque têm sua atividade econômica aqui. Eles têm sido incansáveis. Há, também, diversos proprietários de terrenos que não se mexem; uns por puro comodismo, outros, por pura covardia. Isso tem feito com que o movimento pela total desativação do lixão não seja ainda mais forte. Enquanto isso, todos, indistintamente, são afetados pelo problema.


Catando lixo para sobreviver - Dirce Sousa tem cinco filhos para criar e não tem emprego; o marido encontra-se preso, sem data para sair. O que sobrou para ela foi catar material plástico, alumínio, papelão e tudo que seja reciclável, para vender. Numa semana de bom faturamento consegue ganhar até R$ 35,00, mas tem semana que não passa de R$ 20,00. É com isso que ela disse à reportagem que paga luz e bota comida em casa, Deus sabe como. Para ela, se fechar o lixão vai ser um desastre, pois não tem outra fonte de renda e nem perspectiva de conseguir outra ocupação. Como o lixão não pode ficar onde está, caberá ao serviço social do município tentar ajudá-la.


O que diz a SEMMA - Procurado pela reportagem do JC, o geólogo Elias Leão, que acumula as diretorias de Mineração e Meio Ambiente disse que, no caso da autorização para a depositação de dejetos humanos no lilxão, o prazo concedido foi de apenas alguns dias e que a SEMMA tomará as providências cabíveis para coibir a continuação dessa prática. Segundo ele, a empresa Lumi já tem um local que está sendo preparado, com acompanhamento técnico, localizado no bairro Jacarezinho. O processo de está licenciamento está tramitando na SEMMA.


Quanto ao lixão, Elias Leão afirmou que o secretário de planejamento, Edílson Botelho está tratando do assunto e que a negociação para a compra de um terreno localizado a altura do km 15 de rodovia Transamazônica, sentido Jacareacanga está bem adiantado. Esse será o local onde deverá ser implantado o aterro sanitário de Itaituba. Portanto, conforme o geólogo afirmou, não será simplesmente um depósito de lixo a céu aberto, como acontece hoje, mas, um aterro sanitário dentro das exigências técnicas e ambientais modernas. Informa a SEMMa, que para tornar isso viável, a Prefeitura está buscando recursos, pois se trata de um investimento vultoso. Contudo, por enquanto não é possível estabelecer uma data para que isso aconteça.

Um comentário:

  1. Claro, Parente, que não interessa resolver este problema.
    Tem que esperar para que alguns munícipes tenham problemas de saúde (maiores) para que eles corram atrás da solução.
    É uma vergonha!

    ResponderExcluir